História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Capitulo de'cimo quinto - j\leoceticismo, Nee-aristotelismo, ~/\Cdi~-~latonis~?o.. .<br />
Alexandre C conhecido sobretudo por<br />
sua interpretaqio <strong>da</strong> teoria do intelecto. Suas<br />
idiias sobre a questiio tiveram notavel in-<br />
fluhcia sobre o pensamento <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de MC-<br />
dia e at6 sobre o pensamento do period0<br />
renascentista. Por essa razio, devemos tra-<br />
tar delas.<br />
Alexandre distinguia trts espicies de<br />
intelecto no homem:<br />
a) o intelecto fisico ou material, que C<br />
pura possibili<strong>da</strong>de ou potcncia de conhecer<br />
to<strong>da</strong>s as coisas;<br />
6) o intelecto adquirido ou in habitu,<br />
que, mediante a realizaqiio de sua potencia-<br />
li<strong>da</strong>de, possui sua perfeiqio, ou seja, o habit0<br />
do pensar, isto C, de abstrair a forma <strong>da</strong><br />
matiria;<br />
c) o intelecto agente ou produtivo, vale<br />
dizer, a causa que torna possivel ao intelec-<br />
to material a ativi<strong>da</strong>de do pensar e, portan-<br />
to, o tornar-se intelecto in habitu.<br />
To<strong>da</strong>via, Alexandre destaca-se do Esta-<br />
girita pelo fato de niio admitir que o "inte-<br />
lecto agente" esteja "em nossa alma", fa-<br />
zendo dele uma enti<strong>da</strong>de Anica para todos<br />
os hornens, e, at6 mesmo, identificando-o<br />
corn o principio primeiro, ou seja, com o<br />
Motor Imovel, que C Pensamento de pensa-<br />
mento.<br />
Coloca-se, assim, o problema de como<br />
o intelecto agente, que C Deus, pode fazer<br />
com que o intelecto material se torne inte-<br />
lecto in habitu, ou seja, que o intelecto ma-<br />
terial adquira o habit0 <strong>da</strong> abstraqiio. Ale-<br />
xandre fornece duas respostas diferentes ao<br />
problema, as quais se integram reciproca-<br />
mente.<br />
Por sua natureza, o intelecto agente C<br />
tanto Inteligivel supremo como Intelecto<br />
supremo, sendo causa do hibito de abstra-<br />
$20 do intelecto material, tanto como a) In-<br />
teligivel supremo quanto como 6) Intelecto<br />
supremo.<br />
a) Como Inteligivel supremo, o Intelec-<br />
to produtivo C causa ou condiqio do habit0<br />
de abstraqiio do nosso intelecto, no sentido<br />
de que, sendo o Inteligivel por excelgncia, C<br />
causa <strong>da</strong> inteligibili<strong>da</strong>de de to<strong>da</strong>s as outras<br />
coisas, C a forma suprema que <strong>da</strong> forma a<br />
to<strong>da</strong>s as outras coisas. (E, precisamente, o<br />
nosso intelecto so conhece as coisas i medi-<br />
<strong>da</strong> que elas siio inteligiveis e tEm forma, ao<br />
passo que o hibito de abstraqiio outra coisa<br />
niio C do que a capaci<strong>da</strong>de de captar o inte-<br />
ligivel e a forma.).<br />
b) Mas o intelecto produtivo tambCm<br />
C causa do habito de abstraqiio do nosso<br />
intelecto na auali<strong>da</strong>de de sutxemo Intelec-<br />
to, ou melhor, precisamente como Inteligi-<br />
vel supremo, que, por sua natureza, 6 tam-<br />
bem Intelecto supremo. Em suma, trata-se<br />
de uma aqio direta e imediata do intelecto<br />
produtivo sobre o intelecto material que Ale-<br />
xandre postula como necessaria, alCm <strong>da</strong><br />
aciio indireta e mediata aue examinamos.<br />
Para poder operar desse modo, o inte-<br />
lecto produtivo precisa entrar em nossa alma<br />
e, portanto, estar em nos. Mas, devido a<br />
identificaqiio opera<strong>da</strong> por Alexandre entre<br />
o Intelecto produtivo e a Causa primeira,<br />
ou seja, Deus, deve tratar-se de presenqa que<br />
"vem de fora" e que nio C parte constitutiva<br />
de nossa alma.<br />
Assim, a condiqiio sine qua non do co-<br />
nhecimento humano C a participaqiio ime-<br />
diata no Intelecto divino ("0 Intelecto que<br />
vem de fora"). Alim disso, C claro que o<br />
contato do nosso intelecto com o Intelecto<br />
divino so pode ser imediato e, portanto, de<br />
carater intuitivo. Alexandre fala ati mesmo<br />
de "assimilaqiio de nosso intelecto ao Inte-<br />
lecto divino", usando linguagem que recor-<br />
<strong>da</strong> a dos medio-platbnicos.<br />
To<strong>da</strong>via, para poder satisfazer a fundo<br />
essas novas exighcias misticas, o Aristote-<br />
lismo deveria transformar-se profun<strong>da</strong>mente<br />
e tornar suas as instlincias do Platonismo,<br />
perdendo assim sua propria identi<strong>da</strong>de. E<br />
compreensivel, portanto, que, depois de Ale-<br />
xandre, o Aristotelismo s6 conseguisse so-<br />
breviver i guisa de momento propedcutico<br />
ou com~lementar do Platonismo. Com efeito,<br />
C nesse sentido que os comentadores<br />
neoplat8nicos alexandrinos Ierio e comentariio<br />
Aristoteles. Com Alexandre termina<br />
a tradiqiio aristotilica como tal.