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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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A principal novi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> filosofia plat6nica consiste na descoberta de uma<br />

reali<strong>da</strong>de superior ao mundo sensivel, ou seja, uma dimensao suprafisica (ou<br />

metafisica) do ser. Esta descoberta e ilustra<strong>da</strong> por Plat30 com a<br />

imagem marinha <strong>da</strong> "segun<strong>da</strong> navegaqso". A "segun<strong>da</strong><br />

A primeira navegas30 era a entregue as forqas fisicas do navegaqaon<br />

vento e <strong>da</strong>s velas do navio, e representa emblematicamente a e a fun<strong>da</strong>@o<br />

filosofia dos Naturalistas que explicavam a reali<strong>da</strong>de apenas <strong>da</strong> metafisica<br />

com elementos fisicos (ar, agua, terra, fog0 etc.) e forqas fisicas + § 1<br />

a eles liga<strong>da</strong>s.<br />

A "segun<strong>da</strong> navegaqao" entrava em jog0 quando as forqas fisicas dos ventos,<br />

na bonanqa, n%o eram mais suficientes, e era entao entregue as forqas humanas<br />

que impulsionavam o navio com os remos: para Plat%o ela representa a filosofia<br />

que, com as forqas <strong>da</strong> razao, se esforqa para descobrir as ver<strong>da</strong>deiras causas <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de, para alem <strong>da</strong>s causas fisicas. Se quisermos explicar a razao pela qua1<br />

uma coisa e bela, nao podemos nos limitar aos componentes fisicos (beleza <strong>da</strong> cor,<br />

<strong>da</strong> forma etc.), mas devemos remontar a Ideia do belo.<br />

plano supra-sensivel do ser e constituido pelo mundo <strong>da</strong>s ldeias (ou For-<br />

mas), do qua1 Platao fala nos dialogos, e pelos Principios primeiros do Uno e <strong>da</strong><br />

Diade, dos quais fala nas doutrinas n%o escritas. As ldeias plat6nicas n%o d o sim-<br />

ples conceitos mentais, mas s%o "enti<strong>da</strong>des" ou "ess6ncias" que subsistem em si e<br />

por si em um sistema hierarquico bem organizado (representado pela imagem do<br />

Hiperurdnio), e que constituem o ver<strong>da</strong>deiro ser.<br />

No vertice do mundo <strong>da</strong>s Ideias encontra-se a Ideia do Bem, que coincide com<br />

o "Uno" <strong>da</strong>s doutrinas nao escritas. 0 Uno e principio do ser, <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de e do valor.<br />

Todo o mundo inteligivel deriva <strong>da</strong> cooperaq%o do Principio do<br />

Uno, que serve como limite, com o segundo Principio (a Diade A teoria<br />

de grande-e-pequeno), entendido como indeterminaqso e <strong>da</strong>s Ideias<br />

ilimitaqao. e a doutrina<br />

No nivel mais baixo do mundo inteligivel encontram-se as en- dos Princi~ios<br />

ti<strong>da</strong>des matematicas, isto e, os numeros e as figuras geometricas. ~jlfimos<br />

To<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de em todos or niveis, consequentemente, F z y d e )<br />

tem estrutura bipolar, ou seja, e "mistura", mediaqao sintetica<br />

do Uno e <strong>da</strong> Diade segundo justa medi<strong>da</strong>.<br />

Nos dialogos estes principios s%o apresentados na sua funqio de limite e ilimite,<br />

ou seja, como principio determinante e principio indeterminado nas suas rela@es<br />

fun<strong>da</strong>ntes estruturais. 0 ser e portanto um misto de limite e ilimite.<br />

0 mundo inteligivel resulta <strong>da</strong> cooperaqao bipolar imediata dos dois Princi-<br />

pios supremos; o mundo sensivel, ao contrario, tem necessi<strong>da</strong>de de um mediador,<br />

de um Deus-artifice que Plat20 chama de "Demiurgo"; este cria<br />

o mundo animado pela bon<strong>da</strong>de: toma como modelo as Ideias o Demiurgo<br />

e plasma a chora, isto e, o receptaculo material informe. 0 ea g@nese<br />

Demiurgo procura descer na reali<strong>da</strong>de fisica os modelos do do cosmo<br />

mundo ideal, em funqao <strong>da</strong>s figuras geometricas e dos numeros. wdvel.<br />

0s entes matematicos Go, portanto, os entes intermedia- +S4<br />

rios-mediadores que permitem a inteligencia demiurgica trans-<br />

formar o principio caotico do sensivel em cosmo, desdobrando de mod0 matema-<br />

tic0 a uni<strong>da</strong>de na multiplici<strong>da</strong>de em funqso dos nljmeros e, portanto, produzir<br />

ordem. Deste modo, o mundo sensivel aparece como copia do mundo inteligivel.<br />

0 mundo inteligivel e eterno, enquanto o sensivel existe no tempo, que e imagem<br />

move1 do eterno.

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