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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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Contudo, como 6 possivel que urna reali<strong>da</strong>de mova permanecendo imc)vel?<br />

0 Motor lmovel move como o objeto de amor move o amante. Deus, portan-<br />

to, e a causa final do mundo, e o efeito do movimento que produz, o produz<br />

justamente atraindo o primeiro c6u por causa de sua perfeiqao.<br />

A reali<strong>da</strong>de mais perfeita e o ser vivo, e em particular o ser vivo inteligente.<br />

E Deus 4 inteligencia e vi<strong>da</strong>. E, justamente por causa de sua perfei~80, Deus n%o<br />

pode pensar a n%o ser a coisa mais perfeita, e, portanto, a si<br />

mesmo. Portanto, Deus e "pensamento de pensamento".<br />

Problemas<br />

Como era impossivel reduzir a uni<strong>da</strong>de os varios movimen- concernentes<br />

tos <strong>da</strong>s esferas celestes que, segundo as contagens de Aristoteles a substiincia<br />

inspira<strong>da</strong>s na astronomia de seu tempo, deveriam presumivel- supra-sensive1<br />

rnente ser 55, ele entregou ao Motor Im6vel (causa do movi-<br />

mento do ceu <strong>da</strong>s estrelas fixas) outras 55 lnteligtincias motoras<br />

prepostas aos outros ceus. Estas Intelighcias divinas s%o independentes do Mo-<br />

tor Imovel e de natureza analoga, mas s%o n%o apenas inferiores a ele, mas tam-<br />

bem urna inferior B outra em escala hierarquica.<br />

Aristoteles distinguiu as ci6ncias em<br />

trts grandes ramos:<br />

a) ciincias teore'ticas, isto C, cihcias<br />

que buscam o saber em si mesmo;<br />

b) ciincias praticas, isto 6, ciencias que<br />

buscam o saber para, atravCs dele, alcanqar<br />

a perfeiq5o moral;<br />

c) cihcias poie'ticas ou produtivas, isto<br />

6, cicncias que buscam o saber em funqiio<br />

do fazer, isto C, com o objetivo de produzir<br />

determinados objetos.<br />

Por digni<strong>da</strong>de e valor, as mais eleva<strong>da</strong>s<br />

siio as primeiras, constitui<strong>da</strong>s pela metafisi-<br />

ca, a fisica (na qua1 se inclui tambim a psi-<br />

cologia) e a matematica.<br />

E conveniente iniciar nossa exposiq5o<br />

pelas cihcias teorkticas, alias, pela mais ele-<br />

va<strong>da</strong> delas, ja que C dela e em funs50 dela<br />

que to<strong>da</strong>s as outras citncias adquirem seu<br />

justo significado prospectivo.<br />

0 que C a metafisica?<br />

E sabido que o termo "metafisica" (= o<br />

que esta alCm <strong>da</strong> fisica) ngo C termo aristoti-<br />

lico (talvez tenha dido cunhado pelos Peripa-<br />

tCticos, ou nasceu por ocasi5o <strong>da</strong> ediq5o <strong>da</strong>s<br />

obras de Aristoteles realiza<strong>da</strong> por Andr6nico<br />

de Rodes no sCculo I a.C.). No mais <strong>da</strong>s ve-<br />

zes Aristoteles usava a express50 "filosofia<br />

primeira" ou "teologia", em oposiqiio h "fi-<br />

losofia segun<strong>da</strong>" ou "fisica". Entretanto, o<br />

termo "metafisica" foi sentido como mais<br />

significativo pela posteri<strong>da</strong>de, tornando-se<br />

o preferido. Com efeito, a "filosofia primei-<br />

ram C precisamente a cicncia que se ocupa<br />

<strong>da</strong>s reali<strong>da</strong>des-que-est5o-acima-<strong>da</strong>s-reali<strong>da</strong>-<br />

des-fisicas. E, nas pega<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vis5o aristo-<br />

tClica, definitiva e constantemente, to<strong>da</strong> ten-<br />

tativa do pensamento humano no sentido<br />

de ultrapassar o mundo empirico para al-<br />

canqar urna reali<strong>da</strong>de metaempirica passou<br />

a ser denomina<strong>da</strong> "metafisica".<br />

Siio quatro as definiqoes que Aristoteles<br />

deu <strong>da</strong> metafisica:<br />

a) a metafisica "in<strong>da</strong>ga as causas e os<br />

principios primeiros ou supremos";<br />

b) "in<strong>da</strong>ga o ser enquanto ser";<br />

c) "in<strong>da</strong>ga a substincia";<br />

d) "in<strong>da</strong>ga Deus e a substincia supra-<br />

sensivel".<br />

Essas definiqoes diio forma e expres-<br />

sio perfeitas aquelas linhas mestras segun-<br />

do as quais desenvolvera-se to<strong>da</strong> a especula-<br />

qiio anterior, de Tales a Platgo, linhas mestras<br />

que agora Aristoteles reline em urna pode-<br />

rosa sintese. Mas deve-se notar que as qua-<br />

tro definiqoes aristotklicas de metafisica niio<br />

est5o apenas em harmonia com a tradi@o<br />

filos6fica que precede o Estagirita, mas tam-<br />

bCm est5o perfeitamente em harmonia en-<br />

tre si: urna conduz estruturalmente outra<br />

e ca<strong>da</strong> urna a to<strong>da</strong>s as outras, em perfeita<br />

uni<strong>da</strong>de. Com efeito, quem busca as causas<br />

e os principios primeiros necessariamente<br />

deve encontrar Deus, porque Deus C a cau-<br />

sa e o principio primeiro por exceltncia (por-<br />

tanto, faz teologia). Mas tambCm partindo<br />

<strong>da</strong>s outras definiqoes chega-se a idinticas<br />

conclus6es: perguntar-se o que C o ser signi-<br />

fica perguntar-se se existe apenas um ser

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