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Anais do X Encontro Regional Nordeste da ABEM - 2011

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2 OA N O S<br />

simplesmente se ouve, deixan<strong>do</strong> que os sons se revelem a nós em sua forma mais pura,<br />

tornan<strong>do</strong>-nos ouvintes que permitem que a obra nos transforme à sua maneira, em to<strong>da</strong> sua<br />

plenitude; neste último caso, há a ausência de um pressuposto estético. Os três exemplos de<br />

análise anteriormente referi<strong>do</strong>s são ilustrações práticas <strong>da</strong>s concepções menciona<strong>da</strong>s no<br />

presente texto.<br />

Se perguntássemos a um leigo, após a audição <strong>da</strong> peça em questão, quais foram suas<br />

impressões pessoais com relação a ela, provavelmente a resposta seria uma variação de um<br />

<strong>do</strong>s tipos de análise exemplifica<strong>do</strong>s – talvez os <strong>do</strong>is primeiros exemplos sejam ain<strong>da</strong> os mais<br />

presentes nas respostas. Até os dias atuais pre<strong>do</strong>mina a audição que poderia ser chama<strong>da</strong> de<br />

“romantiza<strong>da</strong>” <strong>da</strong> música, ou seja, centra<strong>da</strong> na percepção a partir de um sujeito sensível. Ao<br />

nos emocionarmos e nos identificarmos, por exemplo, com ca<strong>da</strong> movimento de tensão e<br />

resolução de uma melodia, como se estivéssemos acompanhan<strong>do</strong> um texto dramático,<br />

estamos nos portan<strong>do</strong> como ouvintes que apreciam a cama<strong>da</strong> externa <strong>da</strong> música, responsável<br />

por conduzir nossos sentimentos.<br />

Uma hipótese sobre a razão pela qual a música contemporânea atonal, por exemplo,<br />

não consegue encher as salas de concerto <strong>da</strong> mesma maneira que os concertos com música<br />

tonal o fazem, pode estar relaciona<strong>da</strong> a esta audição pre<strong>do</strong>minante. Por um la<strong>do</strong>, o ouvinte<br />

não consegue se identificar imediatamente com a música especificamente atonal, pois não há<br />

uma melodia que lhes possa servir de suporte, e, por outro, estes ouvintes não estão<br />

prepara<strong>do</strong>s para o “enfrentamento” <strong>do</strong> som em sua forma pura, sem um significa<strong>do</strong> palpável,<br />

que devolve ao sujeito a falta de significa<strong>do</strong> que é própria dele mesmo – como propõe<br />

Heidegger (FIGUEIREDO, 1994). Para que um indivíduo consiga realizar a audição a partir<br />

<strong>da</strong>s idéias propostas por este filósofo, seria necessária uma quebra de fortes paradigmas<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pela mentali<strong>da</strong>de romântica. Pode-se dizer que este autor, um <strong>do</strong>s mais radicais<br />

representantes <strong>da</strong> fenomenologia, fornece ferramentas filosóficas que podem auxiliar os<br />

estu<strong>do</strong>s sobre a música contemporânea.<br />

Outro fato a ser aqui ressalta<strong>do</strong>, é o de que o ouvinte ouve, ca<strong>da</strong> vez menos, uma<br />

obra musical pensan<strong>do</strong> em seu caráter filosófico. Pareyson (1997), entretanto, enfatiza<br />

justamente este aspecto <strong>da</strong> audição. No atual fazer analítico-musical, talvez tenha mais<br />

interesse a parte de sua estética que concerne ao caráter formativo <strong>da</strong> obra de arte: ela é<br />

também expressão, mas antes de tu<strong>do</strong>, uma ideia posta em prática na forma de uma<br />

composição.<br />

X <strong>Encontro</strong> <strong>Regional</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>da</strong> <strong>ABEM</strong><br />

I <strong>Encontro</strong> <strong>Regional</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong>s Professores de Música <strong>do</strong>s IF's<br />

I Fórum Pernambucano de Educação Musical<br />

Recife - 02 a 04 de junho de <strong>2011</strong><br />

abem<br />

Associação Brasileira<br />

de Educação Musical<br />

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