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Anais do X Encontro Regional Nordeste da ABEM - 2011

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2 OA N O S<br />

Pesquisas recentes sobre o ensino <strong>da</strong> Percepção Musical têm mostra<strong>do</strong> que a<br />

abor<strong>da</strong>gem geralmente pratica<strong>da</strong> em sala de aula é restrita ao trabalho <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> musical de<br />

forma ‘atomiza<strong>da</strong>’ ou ‘atomística’, como denominam alguns autores (BARBOSA, 2005, p.<br />

92). Isso significa que os elementos técnicos <strong>da</strong> música (escalas, acordes, intervalos,<br />

progressões, cadências, etc.) são toma<strong>do</strong>s como uni<strong>da</strong>des significativas e trabalha<strong>do</strong>s de<br />

forma isola<strong>da</strong> <strong>do</strong> contexto musical, restringin<strong>do</strong> a aula de Percepção Musical à realização de<br />

treinamento para a percepção e discriminação desses elementos. Essa abor<strong>da</strong>gem se faz<br />

presente não apenas nas aulas, mas também nos testes aplica<strong>do</strong>s – o que tem si<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> com<br />

certa preocupação por autores, como Grossi (2001) e França (2003), que destacam a ineficácia<br />

desse tipo de teste por não revelar o potencial musical <strong>do</strong> indivíduo. Barbosa (2005, p. 97)<br />

afirma que esse tipo de teste, onde a fragmentação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> é utiliza<strong>da</strong> como uma forma<br />

de avaliar ca<strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de adquiri<strong>da</strong>, segue a corrente <strong>da</strong> educação que prega a clareza quanto<br />

aos objetivos específicos a serem avalia<strong>do</strong>s, e que não seria este o cerne <strong>do</strong>s problemas que<br />

envolvem a disciplina de Percepção Musical.<br />

Ao discorrer sobre os atributos ou “dimensões” <strong>da</strong> música, Levitin (2006, p. 26)<br />

afirma que “estes atributos são separáveis. Ca<strong>da</strong> um pode ser varia<strong>do</strong> sem alterar os demais, o<br />

que permite estu<strong>da</strong>r um deles de ca<strong>da</strong> vez, razão pela qual podemos pensar neles como<br />

dimensões” 2 , o que justificaria sim uma abor<strong>da</strong>gem compartimenta<strong>da</strong> para fins de assimilação<br />

de ca<strong>da</strong> um desses atributos ou dimensões. Contu<strong>do</strong>, restringir o processo de aprendizagem na<br />

Percepção Musical unicamente a este tipo de abor<strong>da</strong>gem não possibilita ao indivíduo fazer as<br />

conexões entre as dimensões <strong>da</strong> música. Para melhor compreender o que isto significa é<br />

importante destacar aqui o que diz Swanwick sobre “princípios de educação musical”:<br />

Um <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> professor de música é trazer a consciência musical <strong>do</strong><br />

último para o primeiro plano. [...] A menor uni<strong>da</strong>de musical significativa é a<br />

frase ou o gesto, não um intervalo, tempo ou compasso. [...] Olhar um<br />

eficiente professor de música trabalhan<strong>do</strong> (em vez de um “treina<strong>do</strong>r” ou<br />

“instrutor”) é observar esse forte senso de intenção musical relaciona<strong>do</strong> com<br />

propósitos educacionais: as técnicas são usa<strong>da</strong>s para fins musicais, o<br />

conhecimento de fatos informa a compreensão musical (SWANWICK,<br />

2003, p. 57-58).<br />

2 LEVITIN, Daniel. “Em busca <strong>da</strong> mente musical”. In “Em busca <strong>da</strong> mente musical: ensaios sobre os processos<br />

cognitivos em música – <strong>da</strong> percepção à produção”. Beatriz Senoi Ilari (org). Curitiba: Ed. Da UFPR, 2006, p. 26.<br />

Levitin enumera sete atributos ou dimensões musicais: altura, ritmo, an<strong>da</strong>mento, contorno, timbre, volume,<br />

localização espacial. Para Levitin essas dimensões também variam em profundi<strong>da</strong>de e complexi<strong>da</strong>de, o que deve<br />

ser observa<strong>do</strong> em sala de aula a ca<strong>da</strong> exercício realiza<strong>do</strong>, onde ca<strong>da</strong> contato entre o estu<strong>da</strong>nte e o objeto musical<br />

gera uma nova perspectiva de percepção <strong>da</strong>queles elementos.<br />

X <strong>Encontro</strong> <strong>Regional</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>da</strong> <strong>ABEM</strong><br />

I <strong>Encontro</strong> <strong>Regional</strong> <strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong>s Professores de Música <strong>do</strong>s IF's<br />

I Fórum Pernambucano de Educação Musical<br />

Recife - 02 a 04 de junho de <strong>2011</strong><br />

abem<br />

Associação Brasileira<br />

de Educação Musical<br />

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