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Relatório final da CPI da Covid

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como patrocinador de interesse privado perante o Poder Público enquanto agente

político ficou claro no caso Belcher.

A Belcher obteve em pouco tempo uma carta de autorização por

parte da CanSino, grande produtora de vacinas. A razão é a mesma por trás do

caso Davati – obter uma carta de intenção de compra do governo brasileiro, que

abre portas para qualquer empresa fechar negócios no exterior.

O intervalo entre a apresentação formal do pedido ao Ministério da

Saúde e a emissão da carta de intenção foi de apenas oito dias. Enquanto isso,

outras grandes empresas, como Pfizer e Janssen, enfrentaram várias dificuldades

e tardaram a recebê-la. Tratava-se de compra de 60 milhões de doses da vacina

Convidecia, a US$ 17 a dose, mais cara que todas as vacinas anteriormente

contratadas.

Emanuel Catori e Francisco Feio, sócios da Belcher, participaram de

reunião em abril no Ministério da Saúde, reunião que ficou famosa por causa de

uma foto na qual a única pessoa sem paletó era o Deputado Ricardo Barros,

totalmente à vontade, como se fosse ele o Ministro da Saúde. Essa reunião, que

fora marcada pelo próprio Ricardo Barros, viabilizou a presença da Belcher e o

seu acesso ao Ministério. Em seu depoimento, Barros confessou ser amigo de

ambos os sócios, bem como a realização da reunião.

As referidas cartas de intenção e de autorização em benefício da

Belcher não existiriam sem o poder político de Ricardo Barros no Ministério da

Saúde. Contudo, em razão dos trabalhos desta CPI, os planos da Belcher não

foram adiante. Alegando razões de compliance, a CanSino revogou as credenciais

da Belcher em 10 de junho de 2021.

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