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Relatório final da CPI da Covid

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A SRA. LUANA ARAÚJO – Então, quando isso acontece, ela prefere usar

uma medicação que é dada a ela do que não sair de casa e cumprir um

distanciamento social, porque ela não consegue: ela vai entrar num ônibus, e

o ônibus está cheio. Então, é muito fácil, na minha cabeça, pesar esse tipo de

circunstância.

Então, eu, como profissional, o que eu tenho que fazer? Eu tenho que achar

soluções para essa pessoa, essa pessoa que precisa sair de casa todos os dias

de manhã, porque a comida dela depende daquele dia. Então, por isso a

insistência na testagem. Por isso a insistência na vigilância. Por isso a

insistência na distribuição de máscaras, na readequação da mobilidade.

Existem muitas estratégias que podem ser utilizadas para proteger essa

pessoa que não tem outra opção que não sair de casa. Agora, infelizmente, o

uso desses fármacos não é uma dessas estratégias, e a gente não pode gastar

tanto tempo, tanta energia e tanto dinheiro em algo que é comprovadamente

ineficaz.

A SRA. LEILA BARROS (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB -

DF) – Perfeito, doutora.

A confiança num tratamento de sucesso não faz com que as pessoas

sejam mais negligentes com as medidas de precaução, como o isolamento

social, o uso de máscaras e álcool gel?

O SR. LUANA ARAÚJO – Fazem. Exatamente pelos motivos que eu expus

para a senhora agora. [grifamos]

Importante ressaltar que a eficácia de um medicamento não implica

necessariamente que ele cura uma enfermidade, mas tão somente que esse

produto apresenta, em média, efeito benéfico, de acordo com alguma métrica

estudada, para o desfecho no indivíduo acometido. Em outras palavras: um

medicamento eficaz ajuda, em algum grau, a recuperar o paciente, mas não é

obrigatoriamente garantia de remissão. Os corticoides e anticoagulantes

aprovados para o tratamento da covid-19, por exemplo, não são suficientes para

o fim da doença. Ainda assim, substâncias como a cloroquina, hidroxicloroquina

e ivermectina – que não são eficazes contra a covid-19 – foram muitas vezes

apresentadas por leigos à população como sinônimo de cura, de maneira

irresponsável.

A falta de tratamento específico e resolutivo contra o Sars-Cov-2

sempre tornou a prevenção do contágio imperiosa, especialmente quando as

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