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Relatório final da CPI da Covid

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E, aqui, nesta pandemia também, nós não temos como mensurar quantas

pessoas morreram de desinformação, porque não se protegeram

adequadamente e acreditaram que existia uma cura fácil e milagrosa.

[grifamos]

O Sr. Cláudio Maierovitch, médico sanitarista e servidor público

federal da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental

e atuante na Fundação Oswaldo Cruz, argumentou que as medidas que deveriam

ser adotadas para proteger a sociedade são desagradáveis e a população fica mais

desestimulada a segui-las quando elas são colocadas em xeque pelo principal

mandatário do País. Adicionalmente, tal qual a Dra. Pasternak, afirmou que as

pessoas foram induzidas a desejos suicidas. Explicou que o indivíduo raciocinaria

assim: “quero ter essa doença logo porque aí eu não tenho mais que pensar nisso,

eu vou ficar protegido", o que caracteriaou como muito grave:

O SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH – É impressionante. Nós estamos

vivendo uma catástrofe desse tamanho, com meio milhão de vidas perdidas,

e vamos nos anestesiando para isso.

Acredito que uma parte dessa anestesia, dessa dessensibilização tem uma

relação muito forte com a comunicação, com a maneira como as mortes

têm sido banalizadas e como, muitas vezes, exemplos e orientações

oficiais cassam – cassam! – a iniciativa das pessoas para se proteger.

Então, não apenas nesses exemplos – às vezes até estapafúrdios, como de que

só os maricas é que se protegem ou coisa do tipo; além de homofóbicos,

estapafúrdios –, as pessoas perdem a possibilidade de extrair de si uma

energia para se protegerem.

Tudo que nós estamos fazendo hoje para proteger a sociedade é

desagradável. Usar máscara não é agradável, ficar trancado dentro de

casa, deixar de reunir com os amigos, deixar de participar das coisas,

nada disso é agradável. Isso precisa ter um sentido para as pessoas:

“Estou fazendo isso porque estou me protegendo, porque isso é o que todo

mundo tem que fazer, porque isso tem sentido, isso é o que a ciência diz, isso

é o que o conhecimento nos orienta”. Quando isso é colocado em xeque de

maneira tão forte pelo principal mandatário do País, essas coisas perdem

sentido, se transformam em obrigações, se transformam em sofrimento

maior. Então, o movimento das pessoas acaba sendo de tentar escapar disso,

achando que vão ter uma cura milagrosa.

Às vezes, eu me lembro de uma cultura que havia antigamente – talvez alguns

se lembrem aqui – que se fazia com algumas doenças. Particularmente,

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