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Relatório final da CPI da Covid

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do vírus para atingir mortal e sistematicamente os povos indígenas, atraindo a

definição de crimes contra a humanidade.

Os ataques em questão consistem em omissões deliberadas, pelo

governo, nos seus deveres de proteção e assistência. Não são, da parte do governo,

armados, mas são terrivelmente eficazes. Sem a devida proteção, a covid-19 está

matando mais do que as armas dos invasores, que são, também, apoiados e

incitados pelo governo. Todo um conjunto de assédios, negligências, campanhas

difamatórias, supressão consumada ou tentada de direitos, manifestações de

intolerância e estímulo formal ou implícito às invasões convergem para a

ocorrência de violações aos direitos dos indígenas. Esse processo já estava em

curso antes de a pandemia chegar ao Brasil, com o aumento das invasões e dos

ataques, estimulados pela diminuição da fiscalização e pela expectativa de

revogação das normas que protegem os indígenas e suas terras. A pandemia

encontrou os povos indígenas já fustigados e combalidos. Somando-se isso à

negligência de quem deveria proteger e ao estímulo às invasões, o impacto da

covid-19 sobre os povos originários foi grave e desproporcional, tendo sido

deliberadamente ampliado.

7.3 A perseguição aos indígenas antes da pandemia

O processo de construção de uma ordem política democrática e

plural, consagrado na Constituição de 1988, tem sido revertido de modo acelerado

pelo governo Bolsonaro. Isso é nítido com relação à política indigenista. Está em

curso um processo que nos remete a um passado sombrio, de franca ofensiva

contra os povos originários.

As normas que protegem os povos indígenas são alvo constante do

atual governo, mas a perseguição não se iniciou, evidentemente, nos últimos anos.

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