20.10.2021 Views

Relatório final da CPI da Covid

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Percebe-se que o parecer do CFM, embora conclua pela inexistência

de evidências robustas para a indicação de uma terapia farmacológica específica

para a covid-19, avaliza o uso da cloroquina e a da hidroxicloroquina. Nessa

toada, o Conselho transferiu aos médicos em geral a responsabilidade pela

prescrição desses fármacos, mesmo tendo conhecimento da ineficácia do

tratamento.

Esse fato ganha maior gravidade quando se observa que o parecer

foi publicado em abril de 2020 e continua surtindo efeitos até hoje, momento em

que a utilização de cloroquina e da hidroxicloroquina já foi demonstrada como

ineficaz. Aliás, a própria Anvisa nunca avalizou o uso de tais medicamentos, mas,

ao contrário, publicou nota técnica, em abril de 2021, informando que não há

estudos conclusivos que demonstrem benefício com o uso desses medicamentos

para o tratamento do novo coronavírus.

Ademais, é preciso salientar que o parecer do CFM serviu de

fundamento para embasar muitos dos atos do Executivo Federal, que

praticamente durante toda a pandemia defendeu e priorizou o tratamento precoce

como principal instrumento de combate à covid-19. O dito parecer ainda foi

mantido pelo Conselho mesmo depois de todos os atos praticados pela CPI,

quando se demonstrou, à exaustão, a ineficácia do tratamento precoce, o que

agrava mais a conduta do responsável pela edição do documento.

A ação deletéria do CFM nesse episódio, danosa ao povo brasileiro,

tem como símbolo maior a utilização desse parecer no discurso do Presidente da

República na abertura da Assembleia Geral da ONU, em 21 de setembro de 2021,

em que expressamente fundamenta sua defesa do tratamento precoce na referida

manifestação do Conselho Federal de Medicina, usando o repetido expediente de

141

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!