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Relatório final da CPI da Covid

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o mínimo: oferecer um plano com seus elementos essenciais, situação que segue

expondo a risco a vida e a saúde dos povos indígenas.”

Nova versão foi apresentada em janeiro de 2021, tendo o Ministro

Barroso, em 16 de março, determinado a apresentação de Plano de Isolamento de

Invasores e de Plano de Monitoramento, por considerar ainda insatisfatórias e

vagas as medidas apresentadas pelo governo. No ensejo, declarou a

inconstitucionalidade da Resolução nº 4, de 2021, da Funai, que dispunha sobre

a heteroidentificação dos povos indígenas e determinou a inclusão dos indígenas

localizados em terras não-homologadas e os que vivam em contexto urbano com

barreiras de acesso ao SUS no grupo prioritário de vacinação contra a covid-19.

Destaque-se que o governo ainda hoje responde às acusações de

negligência afirmando que incluiu os indígenas no grupo prioritário de vacinação,

mas está documentado que o fez apenas por determinação judicial, à qual resistiu,

pois pretendia vacinar apenas os aldeados em terras já homologadas – excluindo

42% dos indígenas, que vivem fora dessas terras, segundo dados do Censo de

2010, sendo que esse percentual supera 90% em alguns estados. 294 Convém

mencionar, ainda, que, em abril de 2020, aproximadamente metade dos indígenas

residia em municípios com alto risco de contágio, podendo chegar, no Sul e

Sudeste, a 70% da população indígena em meio urbano 295 . Isso evidencia a

ruptura na relação direta que deve haver entre vulnerabilidade e prioridade.

Em 5 de abril de 2021, o Ministro Barroso ainda prorrogaria o prazo

para apresentação de novo Plano de Isolamento, frisando a importância de que

essa medida fosse executada após vários meses de vigência da cautelar. No dia

294

https://memoria.ebc.com.br/noticias/brasil/2012/08/ibge-423-dos-indios-vivem-fora-de-terras-reconhecidas

Acesso em 7 de outubro de 2021

295

Conforme o relatório intitulado Risco de espalhamento da COVID-19 em populações indígenas: considerações

preliminares sobre vulnerabilidade geográfica e sociodemográfica, de autoria do Núcleo de Métodos Analíticos

para Vigilância Epidemiológica do PROCC/Fiocruz e EMAp/FGV e do Grupo de Trabalho sobre Vulnerabilidade

Sociodemográfica e Epidemiológica dos Povos Indígenas no Brasil à Pandemia de COVID-19.

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