04.04.2017 Views

lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

os interesses envolvidos, sem que haja prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong> um sobre os <strong>de</strong>mais.<br />

2.5.6. Boa-fé econômica<br />

Traduz-se na aplicação do princípio da transparência e da publicida<strong>de</strong> nas relações <strong>de</strong> trocas<br />

comerciais <strong>de</strong>ntro do ciclo econômico <strong>de</strong> cada mercado. Observe-se que a boa-fé econômica <strong>de</strong>ve<br />

estar presente em todas as etapas <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> riquezas.<br />

Na fase inicial, isto é, na produção e beneficiamento <strong>de</strong> bens, a boa-fé traduzse na obrigação que<br />

o agente possui <strong>de</strong> divulgar todos os fatos relevantes, relacionados à ativida<strong>de</strong> empresarial,<br />

ressalvados os inerentes ao segr<strong>ed</strong>o industrial, <strong>de</strong>vidamente protegido pelo Direito Marcário.<br />

Por sua vez, no que se refere às etapas <strong>de</strong> circulação e consumo, a boa-fé obriga o respectivo<br />

distribuidor a prestar todas as informações necessárias ao correto esclarecimento do consumidor<br />

acerca das trocas econômicas realizadas, bem como sobre os bens que estão sendo adquiridos (Lei n.<br />

8.078/1990).<br />

Nessa linha, a boa-fé econômica traduz-se em instituto jurídico garantidor da simetria<br />

informativa, necessária para se evitar falha <strong>de</strong> mercado, conforme será esmiuçado adiante.<br />

2.6. DO LIVRE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA<br />

O artigo 170 da CRFB <strong>de</strong>lineia quais os fundamentos em que a or<strong>de</strong>m econômica se baseia<br />

(caput), os princípios que a norteiam (incisos), bem como a forma pela qual se dará o exercício da<br />

ativida<strong>de</strong> econômica (parágrafo único):<br />

Art. 170. (...)<br />

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício <strong>de</strong> qualquer ativida<strong>de</strong> econômica, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong><br />

autorização <strong>de</strong> órgãos públicos, “salvo nos casos previstos em lei”.<br />

Cabe ressaltar, por oportuno, que, consoante a classificação da aplicação das normas<br />

constitucionais, <strong>de</strong> José Afonso da Silva, 6 tal comando se trata <strong>de</strong> norma constitucional <strong>de</strong> eficácia<br />

contida, uma vez que, em que pese ter aplicabilida<strong>de</strong> direta e im<strong>ed</strong>iata, observando-se que não<br />

carece <strong>de</strong> regulamentação, po<strong>de</strong> ter seu alcance contido e limitado pelo legislador<br />

infraconstitucional.<br />

Assim, fácil compreen<strong>de</strong>r que o traço característico das Constituições <strong>de</strong> cunho social, sejam<br />

estas <strong>de</strong> caráter intervencionista (social) ou neoliberal (regulador), é exatamente conter e limitar o<br />

campo <strong>de</strong> atuação e exercício dos <strong>direito</strong>s e garantias individuais que, embora se tratem, em regra, <strong>de</strong><br />

normas <strong>de</strong> eficácia plena, a teor do disposto no artigo 5 o , § 1 o , po<strong>de</strong>m ser mitigadas no campo<br />

infraconstitucional, pelo legislador ordinário, em prol da coletivida<strong>de</strong>:<br />

Art. 5 o (...)<br />

§ 1 o As normas <strong>de</strong>finidoras dos <strong>direito</strong>s e garantias fundamentais têm aplicação im<strong>ed</strong>iata.<br />

Destarte, da leitura do texto acima transcrito, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que a regra é a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercício<br />

da ativida<strong>de</strong> econômica, como corolário da livre-iniciativa, na qual o Estado não <strong>de</strong>ve interferir na<br />

manifestação volitiva <strong>de</strong> seus cidadãos para tanto. Todavia, isso não significa que o Estado, nos<br />

casos em que se evi<strong>de</strong>ncie interesse da coletivida<strong>de</strong>, não possa regular a ativida<strong>de</strong> econômica,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!