04.04.2017 Views

lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> ética política e econômica, antes tentado por Aristóteles.<br />

Nessa esteira, afirmava não haver contradição entre a fé e a razão, vendo na filosofia e na<br />

teologia ciências que não se opunham, mas antes, se complementavam, tanto que, juntas comporiam o<br />

conjunto <strong>de</strong> valores que <strong>de</strong>veriam nortear a ética. Segundo São Tomás <strong>de</strong> Aquino, a ética consistia<br />

em agir <strong>de</strong> acordo com a natureza racional. Todo o homem seria dotado <strong>de</strong> livre-arbítrio, orientado<br />

pela consciência e teria uma capacida<strong>de</strong> inata <strong>de</strong> captar, intuitivamente, os ditames da or<strong>de</strong>m moral.<br />

O primeiro postulado da or<strong>de</strong>m moral seria, então, fazer o bem e evitar o mal.<br />

Em relação ao <strong>direito</strong>, Tomás <strong>de</strong> Aquino revelava forte e inexorável influência teológica.<br />

Segundo o pensador cristão, havia uma lei divina, revelada por Deus aos homens, que consistia nos<br />

Dez Mandamentos; havia uma lei eterna que era o plano racional <strong>de</strong> Deus or<strong>de</strong>nando todo o universo;<br />

e uma lei natural, entendida como a participação da lei eterna na criatura racional, ou seja, aquilo<br />

que o homem é levado a fazer pela sua natureza racional. Por sua vez, a Lei Positiva era a lei feita<br />

pelo homem, <strong>de</strong> modo a possibilitar uma vida em soci<strong>ed</strong>a<strong>de</strong>. Esta se subordinava à lei natural, não<br />

po<strong>de</strong>ndo contrariá-la sob pena <strong>de</strong> se tornar uma lei injusta. Assim, o fundamento objetivo e racional<br />

da verda<strong>de</strong>ira objeção <strong>de</strong> consciência constituía, exatamente, na não obrigatori<strong>ed</strong>a<strong>de</strong> <strong>de</strong> ob<strong>ed</strong>iência<br />

em relação a uma lei injusta.<br />

A Justiça, segundo Tomás <strong>de</strong> Aquino, consistia na disposição constante da vonta<strong>de</strong> em dar a cada<br />

um o que é seu – suum cuique tribuere – e classificava-se, conforme sua prática, em:<br />

a) particular: quando se fazia entre iguais, subdividida em comutativa e distributiva; e<br />

b) legal ou política: ocorrida do soberano para os súditos e <strong>de</strong>stes para com aquele,<br />

respectivamente.<br />

Nessa linha, cumpre ressaltar que a teoria <strong>de</strong> justiça <strong>de</strong>senvolvida pelo pensador cristão, em sua<br />

vertente econômica, baseava-se na distribuição <strong>de</strong> rendas e riquezas e na realização <strong>de</strong> trocas<br />

realizadas, tanto em caráter coletivo quanto individual. Mostra-se interessante, por oportuno,<br />

conceituar as formas <strong>de</strong> justiça retrocitadas, apresentando sua classificação econômica:<br />

a) justiça comutativa: realiza-se quando um indivíduo entra em comércio com outro, numa<br />

relação entre particulares, dirigida <strong>de</strong> maneira que o intercâmbio mútuo entre duas pessoas garanta<br />

que haja equilíbrio nas trocas econômicas realizadas entre os concidadãos. Prescindindo-se da<br />

posição social <strong>de</strong> cada membro da soci<strong>ed</strong>a<strong>de</strong>, objetiva-se assegurar, com isso, que haja dignida<strong>de</strong> e<br />

igualda<strong>de</strong> nos negócios travados, <strong>de</strong> modo que uma não obtenha vantagem in<strong>de</strong>vida sobre a outra;<br />

b) justiça distributiva: é efetivada quando o chefe da comunida<strong>de</strong> distribui os bens do Estado a<br />

cada pessoa, conforme o que lhe é <strong>de</strong>vido. Assim, tal relação se perfaz quando, <strong>de</strong> forma<br />

proporcional, todos os membros <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> têm acesso garantido aos bens que se encontram<br />

à disposição da coletivida<strong>de</strong>, cuja iniciativa parte da autorida<strong>de</strong> pública, que leva em conta a<br />

posição <strong>de</strong> cada cidadão;<br />

c) justiça legal ou política: visa ao bem comum, sendo que, para sua consecução exige-se<br />

virtu<strong>de</strong>s, orientadas para o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s do cidadão. Logo, a justiça particular (comutativa<br />

e distributiva) e as próprias virtu<strong>de</strong>s, que retificam as ações do homem consigo mesmo, <strong>de</strong>vem, <strong>de</strong><br />

algum modo, estar or<strong>de</strong>nadas e a serviço do bem comum da comunida<strong>de</strong>. Para tanto, as leis são o<br />

principal instrumento pelo qual se operacionaliza a justiça legal, uma vez que <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>terminar as<br />

formas <strong>de</strong> condução do cidadão no meio em que vive, <strong>de</strong> forma a assegurar que seus atos garantam a<br />

consecução do bem comum e gerem benefícios a todos os membros da comunida<strong>de</strong>.<br />

Outrossim, no tocante à circulação <strong>de</strong> capital m<strong>ed</strong>iante cobrança <strong>de</strong> juros, dada a influência <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!