04.04.2017 Views

lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cumulativamente:<br />

(...)<br />

§ 6º Os atos a que se refere o § 5º <strong>de</strong>ste artigo po<strong>de</strong>rão ser autorizados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam observados os limites<br />

estritamente necessários para atingir os seguintes objetivos:<br />

I – cumulada ou alternativamente:<br />

a) aumentar a produtivida<strong>de</strong> ou a competitivida<strong>de</strong>;<br />

b) melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens ou serviços; ou<br />

c) propiciar a eficiência e o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico ou econômico; e<br />

II – sejam repassados aos consumidores parte relevante dos benefícios <strong>de</strong>correntes.<br />

Corroborando o entendimento acima, vale citar o magistério <strong>de</strong> Calixto Salomão Filho:<br />

É, aliás, interessante observar que a “regra da razão”, inicialmente formulada exclusivamente para o caso <strong>de</strong> acordo em<br />

restrição à concorrência (atos e acordos ten<strong>de</strong>ntes à cooperação econômica), venha sendo paulatinamente estendida,<br />

também, às concentrações econômicas. É o que ocorre no or<strong>de</strong>namento europeu. É o que ocorre, também, na recente lei<br />

brasileira. 19<br />

Observe-se, por fim, que a aplicação da regra da razão afasta a regra do per se, uma vez que<br />

apenas casuisticamente é que será verificado se a conduta ou política empresarial <strong>de</strong> um agente<br />

trarão efeitos danosos ao mercado ou, pelo contrário, serão atos potencializadores da eficiência e da<br />

concorrência. Isso porque a infração da or<strong>de</strong>m econômica se trata <strong>de</strong> ilícito administrativo <strong>de</strong><br />

tipificação aberta. Logo, sua caracterização, para fins <strong>de</strong> punibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> seu<br />

enquadramento enquanto conduta danosa, potencial ou efetiva, para o mercado.<br />

O mesmo não ocorre nos crimes contra a or<strong>de</strong>m econômica, uma vez que saem da esfera<br />

administrativa, sendo ilícitos <strong>de</strong> natureza penal e <strong>de</strong> tipificação fechada. Assim, diversos<br />

doutrinadores têm divergido quanto à aplicação da razão ou do per se, mormente no que se refere à<br />

prática <strong>de</strong> cartel. Na opinião <strong>de</strong> Luciano Sotero Santiago, o cartel é infração da or<strong>de</strong>m econômica<br />

per se. 20 Por sua vez, Calixto Salomão Filho é partidário <strong>de</strong> que o Direito Concorrencial brasileiro<br />

não adota a regra do per se, <strong>de</strong>vendo ser aplicada a razão. 21<br />

P<strong>ed</strong>imos vênia para algumas pon<strong>de</strong>rações. Inicialmente, não hão <strong>de</strong> se confundir as esferas <strong>de</strong><br />

responsabilização administrativa e penal. No âmbito <strong>de</strong> atuação do Sistema Brasileiro <strong>de</strong> Proteção à<br />

Concorrência não há como se afastar a regra da razão para se estabelecer com caráter <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finitivida<strong>de</strong> o per se para <strong>de</strong>terminadas condutas ou políticas empresariais. Isso porque as<br />

características que cercam a natureza administrativa da infração da or<strong>de</strong>m econômica estão<br />

inafastável e intrinsecamente ligadas aos efeitos <strong>de</strong>letérios que ela apresente (efetivos e presentes)<br />

ou que possa apresentar (potenciais e futuros) no mercado relevante sub examine. No que se refere à<br />

esfera <strong>de</strong> responsabilização penal inerente aos crimes contra a or<strong>de</strong>m econômica, a própria<br />

legalida<strong>de</strong> estrita que cerca a tipificação fechada das condutas acarreta a punição dos mesmos, ainda<br />

que no âmbito administrativo sejam constatados efeitos benéficos ao mercado.<br />

Portanto, analisando hipoteticamente o cartel, resta claro que é perfeitamente possível que o<br />

CADE manifeste-se pela não caracterização da conduta enquanto infração da or<strong>de</strong>m econômica,<br />

apontando, ainda, seus eventuais efeitos positivos para a concorrência. Todavia, para fins penais, não<br />

há como se afastar a antijuridicida<strong>de</strong> da conduta, <strong>de</strong>vendo esta ser objeto <strong>de</strong> sanção por parte da<br />

Justiça.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!