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lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

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era mantida dominada por algum tipo <strong>de</strong> coação social, imposta pelo Estado ou pelas classes<br />

dominantes. A coação e a dominação variavam <strong>de</strong> acordo com o período da história, sendo efetuada<br />

por meio da violência física no período da escravidão; por meio da propri<strong>ed</strong>a<strong>de</strong> privada dos fatores<br />

<strong>de</strong> produção, no período feudal, on<strong>de</strong> o trabalhador sujeitava-se às imposições dos empregadores no<br />

que se refere à repartição do produto final do ciclo econômico; e através da venda <strong>de</strong> sua mão <strong>de</strong><br />

obra, m<strong>ed</strong>iante paga <strong>de</strong> uma contraprestação pecuniária previamente estabelecida, característica do<br />

período capitalista.<br />

Marx classificou o trabalho <strong>de</strong> acordo com o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> seu produto final, como: trabalho<br />

necessário, voltado para o sustento do trabalhador; e mais-trabalho ou mais-valia, sendo o trabalho<br />

voltado para o lucro do empregador.<br />

Nessa perspectiva, partindo da mesma premissa que Smith, qual seja o valor dos bens produzidos<br />

<strong>de</strong>ve ser aferido na exata m<strong>ed</strong>ida em que se emprega mão <strong>de</strong> obra em seu processo <strong>de</strong> elaboração,<br />

Marx pregava que o valor da contraprestação salarial a ser paga <strong>de</strong>veria ser aferido na exata m<strong>ed</strong>ida<br />

das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência do trabalhador e <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Justificava sua teoria no<br />

fato <strong>de</strong> que o trabalho só se tornaria produtivo quando se assegurasse a conservação da força <strong>de</strong><br />

trabalho e se garantisse sua reprodução. Para tanto, mister se fazia que o salário a ser pago não<br />

ficasse ao alvitre das forças <strong>de</strong> mercado sujeitas à manipulação por outros interesses que não da sua<br />

natural autocondução. Isso porque, o empregador que compra a força <strong>de</strong> trabalho sempre procura<br />

maximizar o resultado <strong>de</strong> sua aplicação, aumentando a produtivida<strong>de</strong>, e mantendo o mesmo valor <strong>de</strong><br />

salário previamente acordado. Desse modo o empregador, em que pese pagar o valor salarial<br />

pactuado com o trabalhador, ao exigir e impor que haja aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, sob pena <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>missão dos menos produtivos, aumenta sua margem <strong>de</strong> lucro em <strong>de</strong>trimento do empregado, uma vez<br />

que não lhe repassa o exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua produção. A diferença a maior entre o volume <strong>de</strong> produção e<br />

os salários pagos foi <strong>de</strong>nominada por Marx <strong>de</strong> mais-valia.<br />

A mais-valia constituía, portanto, fator <strong>de</strong> enriquecimento da classe <strong>de</strong>tentora dos fatores <strong>de</strong><br />

produção e <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> mercadorias em <strong>de</strong>trimento da classe operária. Em uma troca comercial<br />

natural, pressupondo um ambiente <strong>de</strong> equilíbrio, as diferenças entre ganhos e perdas naturalmente se<br />

compensam. Todavia, como todos que atuam no mercado buscam sobreviver da melhor e mais<br />

confortável forma possível, via <strong>de</strong> regra almejam maximizar a produção <strong>de</strong> seus resultados, fato que<br />

implica necessariamente em extração <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> um segmento social pelo outro. Assim, a evolução<br />

da história da humanida<strong>de</strong> é, segundo Marx, a história da apropriação <strong>de</strong> riquezas <strong>de</strong> uma classe pela<br />

outra. Em que pesem terem pouco teorizado sobre o tema, tal questão referente ao acúmulo da<br />

propri<strong>ed</strong>a<strong>de</strong> dos fatores <strong>de</strong> produção na mão <strong>de</strong> uma classe social cada vez mais elitizada levou<br />

Marx e Engel a formularem no Manifesto comunista a teoria da economia planificada.<br />

Defen<strong>de</strong>ram, assim, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apropriar <strong>de</strong> todos os fatores <strong>de</strong> produção, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> garantir uma justa repartição <strong>de</strong> riquezas a quem efetivamente as produz, <strong>de</strong> acordo com<br />

suas capacida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r suas necessida<strong>de</strong>s. Destarte, a produção seria voltada para o<br />

atendimento das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos, sem excessos ou <strong>de</strong>sperdícios. Dessa forma o trabalho<br />

<strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser visto como causa <strong>de</strong> estratificação social e <strong>de</strong> exploração.<br />

A esse estado i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> convivência social, Marx <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> comunismo, que seria<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao último período <strong>de</strong> evolução histórica a ser alcançado pela humanida<strong>de</strong>. Todavia, o<br />

alcance do comunismo pressupunha a necessária e obrigatória passagem por <strong>de</strong>terminados estágios.<br />

Inicialmente, mister se fazia alcançar o socialismo ou a ditadura do proletariado, como forma <strong>de</strong>

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