04.04.2017 Views

lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

(1931), o qual foi recentemente substituído pela Agência Nacional <strong>de</strong> Aviação Civil – ANAC<br />

(2005), esta com uma estrutura <strong>de</strong> agência estatal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Outrossim, o setor cafeeiro somente passou a contar com um órgão regulador próprio a partir <strong>de</strong><br />

1952, a saber, o Instituto Brasileiro do Café – IBC, sendo, posteriormente, substituído pelo<br />

Departamento Nacional do Café – DNC (1989).<br />

Em que pese os esforços acima, até então, a Nação não contava com uma experiência reguladora<br />

estruturada <strong>de</strong> forma autônoma, limitando-se a intervir em alguns poucos setores, tão somente.<br />

Com o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização econômica da or<strong>de</strong>m jurídica pátria, ante a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

normatizar e regular o mercado financeiro, o Estado brasileiro passou a adotar o mo<strong>de</strong>lo norteamericano<br />

para regular, inicialmente, o Sistema Financeiro Nacional, através da criação <strong>de</strong> um<br />

Banco Central in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autônomo ao governo, o qual teve como marco regulador a <strong>ed</strong>ição da<br />

Lei n. 4.595/1964. Outrossim, o mercado <strong>de</strong> capitais passou a ser igualmente objeto <strong>de</strong> regulação<br />

estatal, com a criação da Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários, autarquia fe<strong>de</strong>ral com in<strong>de</strong>pendência e<br />

autonomia funcional, nos termos do marco regulador (Lei n. 6.385/1976).<br />

A partir <strong>de</strong> 1990, a experiência brasileira passou a seguir o mo<strong>de</strong>lo europeu, notadamente o<br />

adotado na Inglaterra, a fim <strong>de</strong> implementar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestatização <strong>de</strong> nossa Or<strong>de</strong>m<br />

Econômica, nos termos da Lei n. 8.031/1990, <strong>de</strong>volvendo-se à iniciativa privada a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

exploração <strong>de</strong> diversos setores <strong>de</strong> nossa economia que antes ficavam sob o jugo do monopólio<br />

estatal, m<strong>ed</strong>iante a criação <strong>de</strong> diversos entes e marcos reguladores para tanto.<br />

Com base tanto na experiência pátria quanto na estrangeira, resta claro que o Estado po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve<br />

interce<strong>de</strong>r normativamente para regular a economia, <strong>ed</strong>itando leis e atos <strong>de</strong> cunho eminentemente<br />

político-econômico. 22 O papel do Estado como ente regulador da ativida<strong>de</strong> econômica ora perfar-seá<br />

por meio da indução (incentivo e planejamento), ora através <strong>de</strong> direção (fiscalização e controle).<br />

Por regulação, a doutrina, tanto nacional quanto estrangeira, discorre com os mais diversos<br />

conceitos.<br />

No campo do Direito Comparado, para o jurista espanhol Santiago Muñoz Machado, a regulação<br />

é um conjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> intervenção pública no mercado, <strong>de</strong>vendo ser entendida como um<br />

controle prolongado e localizado, exercido por uma agência pública, sobre uma ativida<strong>de</strong> à qual a<br />

comunida<strong>de</strong> atribuiu relevância social. 23<br />

Por sua vez o ilustre doutrinador lusitano Vital Moreira consi<strong>de</strong>ra que a regulação é “o<br />

estabelecimento e a implementação <strong>de</strong> regras para a ativida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong>stinadas a garantir o seu<br />

funcionamento equilibrado, <strong>de</strong> acordo com <strong>de</strong>terminados objetivos públicos”. 24<br />

Na lição do mestre José Joaquim Gomes Canotilho, na mo<strong>de</strong>rna concepção <strong>de</strong> posicionamento<br />

estatal em relação à economia, o Estado assume uma postura <strong>de</strong> regulador <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas,<br />

po<strong>de</strong>ndo, inclusive, a regulação ser <strong>de</strong>legada a entida<strong>de</strong>s administrativas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, não<br />

diretamente subordinadas ao po<strong>de</strong>r político governamental, quando se fizer necessário. Tal <strong>de</strong>legação<br />

a entes administrativos autônomos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes fundamenta-se na verificação <strong>de</strong> que a execução<br />

<strong>de</strong> muitas competências e atribuições estatais necessita <strong>de</strong> recursos, conhecimentos, experiências<br />

técnicas e profissionais que se encontram, por vezes, fora do aparelhamento estatal. 25<br />

Ainda <strong>de</strong>ntro do Direito Comparado português, Antônio Carlos dos Santos, em obra conjunta com<br />

Maria Eduarda Gonçalves e Maria Manuel Leitão Marques, <strong>de</strong>finem que:<br />

A regulação pública da economia consiste no conjunto <strong>de</strong> m<strong>ed</strong>idas legislativas, administrativas e convencionadas através

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!