04.04.2017 Views

lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sete anos, porém contra os mesmos as autorida<strong>de</strong>s somente têm provas circunstanciais que garantem<br />

prisão por um período <strong>de</strong> um ano. Caso confessem o crime, o Estado conce<strong>de</strong> um acordo que acarreta<br />

pena <strong>de</strong> cinco anos. Porém, se apenas um confessar, somente este fará jus à benesse e produzirá<br />

prova contra o outro que pegará pena máxima. Assim, estando cada um dos prisioneiros em salas<br />

separadas, incomunicáveis entre si, apresentam-se as seguintes situações, diante das escolhas e suas<br />

possíveis consequências:<br />

a) caso ambos confessem, pegam pena <strong>de</strong> cinco anos;<br />

b) caso um silencie e o outro confesse, este fará prova contra aquele. Logo o que confessou<br />

pegará pena <strong>de</strong> cinco anos e o que silenciou pena máxima <strong>de</strong> sete anos;<br />

c) caso ambos silenciem, somente pegarão pena <strong>de</strong> um ano.<br />

Assim, a melhor escolha para os dois é silenciarem. Porém, como um não tem ciência da atitu<strong>de</strong><br />

do outro e, na hipótese <strong>de</strong> um silenciar e o outro confessar o resultado será prejudicial ao que se<br />

calar, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos guardarem silêncio é extremamente remota. Logo, caso silenciem, há<br />

gran<strong>de</strong>s possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estarem combinando previamente suas estratégias.<br />

Por fim, vale ressaltar o pensamento do economista, ganhador do Prêmio Nobel, John Nash, que<br />

aprofundou os estudos <strong>de</strong> equilíbrios entre os agentes econômicos, mormente em relação à aplicação<br />

da Teoria dos Jogos em ambientes não cooperativos. Denomina-se “Equilíbrio <strong>de</strong> Nash” a solução<br />

para <strong>de</strong>terminado mercado competitivo, no qual nenhum agente po<strong>de</strong> maximizar seus resultados,<br />

diante da estratégia <strong>de</strong> outros agentes. 21 A análise combinada das estratégias <strong>de</strong> mercado a serem<br />

escolhidas levará, segundo Nash, a um resultado do qual nenhum dos agentes individualmente<br />

experimentará prejuízo, em vista da estratégia <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> outros agentes, garantindo o êxito da<br />

ativida<strong>de</strong> econômica e a salutar manutenção do mercado.<br />

Dentro do dilema dos prisioneiros acima apresentado, o ponto <strong>de</strong> equilíbrio seria a hipótese na<br />

qual ambos os réus confessaram o crime para o Estado, fazendo jus à benesse <strong>de</strong> r<strong>ed</strong>ução <strong>de</strong> pena,<br />

aten<strong>de</strong>ndo, ainda que <strong>de</strong> forma mínima, aos interesses dos dois e do Po<strong>de</strong>r Público.<br />

Destarte, pela conceituação acima <strong>de</strong>lineada, resta claro que o Direito Econômico interessa-se<br />

pelos fenômenos macroeconômicos, focando seu estudo nas relações jurídicas oriundas da<br />

intervenção do Estado no controle e condução da utilização racional dos fatores <strong>de</strong> produção por<br />

parte <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>tentores. Assim, o Direito Econômico visa, com a condução da política econômica,<br />

alcançar e realizar os interesses coletivos e transindividuais objetivados pelo Estado.<br />

Observe-se que, os fenômenos microeconômicos, dado o seu caráter individualista, caracterizamse<br />

pela bilateralida<strong>de</strong> das relações obrigacionais assumidas, sendo disciplinadas, juridicamente, por<br />

outros ramos, mormente oriundos do Direito Privado.<br />

As normas <strong>de</strong> Direito Econômico têm por fito o direcionamento da macroeconomia, por meio <strong>de</strong><br />

um or<strong>de</strong>namento jurídico peculiar, que visa direcionar a economia, tendo por base os fenômenos<br />

econômicos concretos, ocorridos no plano fático.<br />

9. AUTONOMIA DO DIREITO ECONÔMICO<br />

Um ramo <strong>de</strong> <strong>direito</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado autônomo, para fins didáticos, tão somente quando<br />

possui normas e princípios próprios, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu respectivo or<strong>de</strong>namento jurídico, uma vez que o<br />

Direito, enquanto ciência, é uno.<br />

Com a Constituição <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1988, o Direito Econômico brasileiro passou a ter princípios<br />

específicos <strong>de</strong>lineados no artigo 170, sendo que passou a ser competência concorrente da União,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!