04.04.2017 Views

lições de direito econconômico leonardo vizeu figueiredo ed forense 2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

e os entes públicos.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir, ainda, objetivamente, o Direito Econômico como sendo o conjunto normativo<br />

que rege as m<strong>ed</strong>idas <strong>de</strong> política econômica concebidas pelo Estado, para disciplinar o uso<br />

racional dos fatores <strong>de</strong> produção, 5 com o fito <strong>de</strong> regular a or<strong>de</strong>m econômica interna e externa.<br />

Segundo Eros Roberto Grau: 6<br />

Pensar o Direito Econômico é pensar o Direito como um nível do todo social – nível da realida<strong>de</strong>, pois – como m<strong>ed</strong>iação<br />

específica e necessária das realida<strong>de</strong>s econômicas. Pensar Direito Econômico é optar pela adoção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

interpretação essencialmente teleológica, funcional, que instrumentará toda a interpretação jurídica, no senti do <strong>de</strong> que<br />

conforma a interpretação <strong>de</strong> todo o <strong>direito</strong>. É compreen<strong>de</strong>r que a realida<strong>de</strong> jurídica não se resume ao <strong>direito</strong> formal. É<br />

concebê-lo – o Direito Econômico – como um novo senti do <strong>de</strong> análise, substancial e críti ca, que o transforma não em<br />

Direito <strong>de</strong> síntese, mas em sincreti smo metodológico.<br />

Para Fábio Kon<strong>de</strong>r Comparato, é “o conjunto das técnicas jurídicas <strong>de</strong> que lança mão o Estado<br />

contemporâneo na realização <strong>de</strong> sua política econômica”. 7<br />

Na lição <strong>de</strong> Washington Peluso Albino <strong>de</strong> Souza: 8<br />

Trata-se do (...) ramo do Direito, composto por um conjunto <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> conteúdo econômico e que tem por objeto<br />

regulamentar m<strong>ed</strong>idas <strong>de</strong> política econômica referentes às relações e interesses individuais e coleti vos, harmonizando-as<br />

– pelo princípio da economicida<strong>de</strong> – com a i<strong>de</strong>ologia adotada na or<strong>de</strong>m jurídica.<br />

No campo do Direito comparado, a doutrina francesa, a qual citamos pelo magistério <strong>de</strong> André<br />

<strong>de</strong> Laubadère, 9 nos ensina que o Direito Econômico é (...) o <strong>direito</strong> aplicável às intervenções das<br />

pessoas públicas na economia e aos órgãos <strong>de</strong>ssas intervenções.<br />

Por sua vez, o ilustre doutrinador lusitano, Luís S. Cabral <strong>de</strong> Moncada, 10 leciona que:<br />

O <strong>direito</strong> econômico assim perspecti vado, afirma-se fundamentalmente como o <strong>direito</strong> público que tem por objeti vo o<br />

estudo das relações entre os entes públicos e os sujeitos privados, na perspecti va da intervenção do estado na vida<br />

econômica.<br />

Por fim, cumpre mencionar que o Direito Econômico transcen<strong>de</strong> à mera análise econômica do<br />

Direito, sendo esta, tão somente, um estudo sobre a influência da Economia nos negócios jurídicos do<br />

Estado e das relações privadas.<br />

No que se refere à diferenciação acima apontada, leciona Vítor Fernan<strong>de</strong>s Gonçalves que:<br />

Ao contrário do Direito Econômico, que se ocupa do estudo, <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista jurídico, <strong>de</strong> temas <strong>de</strong> Economia,<br />

notadamente <strong>de</strong> Macroeconomia, como o controle da inflação, da livre-concorrência, do equilíbrio dos mercados e dos<br />

diversos sectores produti vos da soci<strong>ed</strong>a<strong>de</strong>, assim como com ciclos <strong>de</strong> crescimento e políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico, a Análise Econômica do Direito – AED faz exatamente o oposto: cuida <strong>de</strong> analisar, <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista<br />

econômico, a eficiência das regras jurídicas que regulam assuntos não visados diretamente pela Economia e pela<br />

Macroeconomia, e que se encontram dispostos nos diversos ramos do Direito. (...) AED revela-se mais um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

raciocínio, aplicável a todos os ramos do Direito, indisti ntamente. A propósito, aliás, a AED como que consti tui uma certa<br />

especialização <strong>de</strong> uma matéria multi disciplinar <strong>de</strong>nominada “Direito e Economia” (Law and Economics). Com um níti do<br />

caráter filosófico, o estudo <strong>de</strong> Law and Economics tem por finalida<strong>de</strong> avaliar e comparar como os arranjos sociais, políti cos<br />

e econômicos <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> refletem ou não as respecti vas i<strong>de</strong>ologias adotadas, e em que extensão tais arranjos<br />

influem na elaboração das regras legais existentes nesta mesma comunida<strong>de</strong>. Muito mais restrita em seu objeto, a AED<br />

analisa, em termos econômicos, a eficiência das regras legais, a princípio sob o prisma do capitalismo e da livre circulação<br />

<strong>de</strong> riquezas, bem como tendo em conta conceitos econômicos <strong>de</strong> ampla aceitação, em relação aos quais não faz qualquer<br />

questi onamento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m filosófica. 11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!