25.04.2017 Views

4 horas para o corpo - Timothy Ferriss

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ao mercado, então você faz vários testes controlados por placebo e os anuncia<br />

com estardalhaço, já que eles praticamente garantem algum dado positivo.<br />

Novamente, isso é generalizado, porque quase todas as drogas serão com<strong>para</strong>das<br />

a placebos em algum momento do seu desenvolvimento e os “representantes” —<br />

as pessoas empregadas pelas indústrias <strong>para</strong> convencer os médicos (sendo que<br />

muitos simplesmente se recusam a recebê-los) — adoram o otimismo ambíguo<br />

dos gráficos que esses estudos podem gerar.<br />

Daí as coisas ficam mais interessantes. Se você precisa com<strong>para</strong>r seu<br />

medicamento a um da concorrência — por garantia ou porque a lei exige —,<br />

pode usar um truque: aplicar uma dose inadequada da medicação da<br />

concorrência, de modo que os pacientes que a tomarem não irão se sentir<br />

melhor; ou dar uma dose muito alta do medicamento da concorrência, de modo<br />

que os pacientes tenham muitos efeitos colaterais; ou ainda aplicar a medicação<br />

da concorrência do modo errado (talvez oralmente, quando deveria ser por via<br />

intravenosa, na esperança de que muitos leitores não percebam); ou pode<br />

aumentar a dose da medicação concorrente rapidamente, <strong>para</strong> que os pacientes<br />

tenham efeitos colaterais ainda piores. Em com<strong>para</strong>ção, sua medicação se<br />

destacará. Você talvez pense que uma coisa dessas nunca aconteça. Se você<br />

consultar as referências no final, descobrirá pesquisas nas quais os pacientes<br />

receberam doses realmente altas de medicamentos antipsicóticos (o que fez com<br />

que a nova geração de medicamentos parecesse muito melhor em termos de<br />

efeitos colaterais) e pesquisas com doses de antidepressivos ISRS (inibidores<br />

seletivos da recaptação de serotonina) que alguns podem considerar incomuns, só<br />

<strong>para</strong> citar dois exemplos. Eu sei. É quase inacreditável.<br />

Naturalmente, outro truque <strong>para</strong> você manipular os efeitos colaterais é<br />

simplesmente não perguntar sobre eles, ou melhor — já que você tem de ser<br />

perspicaz nesse ramo —, você pode tomar cuidado com o que pergunta. Eis um<br />

exemplo: antidepressivos ISRS produzem efeitos colaterais sexuais bastante<br />

comuns, incluindo a anorgasmia. Vamos ser claros (e estou tentando formular a<br />

frase da maneira mais objetiva possível): eu realmente gosto do orgasmo. É<br />

importante <strong>para</strong> mim, e tudo que já vivi no mundo me diz que essa sensação é<br />

importante <strong>para</strong> outras pessoas também. Guerras foram travadas,<br />

essencialmente, pela sensação do orgasmo. Há psicólogos evolucionistas que<br />

tentariam convencê-lo de que toda a cultura e a linguagem humana são, em<br />

grande parte, motivadas pela busca do orgasmo. Perder isso parece ser um efeito<br />

colateral importante a respeito do qual se deveria perguntar.<br />

Ainda assim, vários estudos mostram que a ocorrência de anorgasmia em<br />

pacientes que ingerem medicamentos ISRS varia entre 2 e 73%, dependendo<br />

principalmente de como você formula a pergunta: uma pergunta casual e direta<br />

sobre os efeitos colaterais, por exemplo, ou um questionário cuidadoso e<br />

detalhado. Uma análise com 3.000 usuários de antidepressivos ISRS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!