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A história da loucura na idade clássica

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3. Falta de atenção (attentio volubilis);<br />

4. Reflexão obsti<strong>na</strong><strong>da</strong> e persistente (attentio acerrima et<br />

meditatio profundo) ;<br />

5. Ausência de memória (oblivio);<br />

6. Erros de juízo (defectus ectus judicii) ;<br />

7. Estupidez, lentidão do espírito (defectus, tarditas<br />

ingenü) ;<br />

8. Vivaci<strong>da</strong>de extravagante e instabili<strong>da</strong>de do espírito<br />

(ingenium velox, praecox, vividissimum) ;<br />

9 . Delírio (i<strong>na</strong>nia).<br />

II — Doenças do sentimento (Gemütskrankheiten).<br />

1. Excitação: orgulho, cólera, fa<strong>na</strong>tismo, erotomania, etc.<br />

2. Depressão: tristeza, inveja, desespero, suicídio, "doença<br />

<strong>da</strong> corte" (Hofkrankheit), etc.<br />

Embora todo esse paciente trabalho de classificação designe uma<br />

nova estrutura <strong>da</strong> racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de em formação, ele mesmo não deixou,<br />

de si, vestígio algum. Ca<strong>da</strong> uma dessas divisões é posta de lado<br />

assim que proposta, e as que o século XIX tentará definir serão de<br />

um outro tipo: afini<strong>da</strong>de dos sintomas, identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s causas,<br />

sucessão no tempo, evolução progressiva de um tipo <strong>na</strong> direção de<br />

outro, ca<strong>da</strong> uma destas serão outras tantas famílias que agruparão,<br />

bem ou mal, a multiplici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s manifestações: esforços para<br />

descobrir grandes uni<strong>da</strong>des e para elas levar as formas conexas,<br />

porém não mais uma tentativa de cobrir em sua totali<strong>da</strong>de espaço<br />

patológico e isolar a ver<strong>da</strong>de de uma doença a partir de sua<br />

colocação. As classificações do século XIX pressuporém não mais uma<br />

tentativa de cobrir em sua totali<strong>da</strong>de o nóia, ou demência precoce —<br />

mas não a existência de um domínio logicamente estruturado onde as<br />

doenças se definem pela totali<strong>da</strong>de do patológico. Tudo se passa<br />

como se essa ativi<strong>da</strong>de classificadora tivesse operado no vazio,<br />

desenvolvendo-se <strong>na</strong> direção de um resultado nulo, retomando-se e<br />

corrigindo-se incessantemente para não chegar a <strong>na</strong><strong>da</strong>: ativi<strong>da</strong>de<br />

incessante que nunca conseguiu tor<strong>na</strong>r-se um trabalho real. As<br />

classificações só funcio<strong>na</strong>ram a título de imagens, pelo valor próprio<br />

do mito vegetal que traziam em si. Seus conceitos claros e explícitos<br />

permaneceram sem eficácia.<br />

Mas esta ineficácia — estranha se pensarmos nos esforços<br />

desenvolvidos — é ape<strong>na</strong>s o avesso do problema. Ou melhor, ela<br />

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