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A história da loucura na idade clássica

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<strong>da</strong> casa de inter<strong>na</strong>mento de Hamburgo? Um dos diretores deve zelar<br />

para que<br />

todos os que estão <strong>na</strong> casa desempenhem-se de seus deveres religiosos e a<br />

respeito deles sejam instruídos... O mestre-escola deve instruir as crianças <strong>na</strong><br />

religião e exortá-las, encorajá-las a ler, em seus momentos de lazer, diversas<br />

partes <strong>da</strong>s Santas Escrituras. Deve ensiná-las a ler, escrever, contar, a serem<br />

honestas e decentes com aqueles que visitam a casa. Deve fazer com que<br />

assistam aos ofícios divinos, e que neles se comportem modera<strong>da</strong>mente 109 .<br />

Na Inglaterra, o regulamento <strong>da</strong>s workhouses concede um bom<br />

lugar à vigilância dos costumes e à educação religiosa. Assim é que<br />

para a casa de Plymouth se previu a nomeação de um schoolmaster<br />

que deve responder à tríplice condição de ser "pio, sóbrio e discreto";<br />

to<strong>da</strong>s as manhãs e to<strong>da</strong>s as tardes, numa hora fixa, terá por encargo<br />

presidir às orações; todo sábado, à tarde, e todos os dias feriados,<br />

deverá dirigir-se aos internos, exortá-los e instruí-los com os<br />

"elementos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> religião protestante, conforme a<br />

doutri<strong>na</strong> <strong>da</strong> Igreja anglica<strong>na</strong>" 110 . Hamburgo ou Plymouth,<br />

Zuchthäusern e workhouses — em to<strong>da</strong> a Europa protestante,<br />

edificam-se essas fortalezas <strong>da</strong> ordem moral <strong>na</strong>s quais se ensi<strong>na</strong>, <strong>da</strong><br />

religião, aquilo que é necessário para o descanso <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des.<br />

Em terras católicas, a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de é a mesma, mas o domínio<br />

religioso é um pouco mais acentuado. A obra de São Vicente de Paula<br />

é testemunho disso.<br />

A fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de principal que permitiu que para cá se retirassem as pessoas,<br />

excluindo-as do turbilhão do mundo aberto e fazendo-as penetrar nesta<br />

solidão <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de de pensionistas, foi ape<strong>na</strong>s a de subtraí-los à escravidão<br />

do pecado, impedi-los de serem para sempre <strong>da</strong><strong>na</strong>dos e <strong>da</strong>r-lhes um meio de<br />

gozar de um pleno contentamento nesta vi<strong>da</strong> e <strong>na</strong> outra, fazendo eles o<br />

possível para adorar em tudo isso a divi<strong>na</strong> providência... A experiência só nos<br />

convence, infelizmente, de que a origem do desregramento que hoje vemos<br />

imperar entre a juventude reside ape<strong>na</strong>s no grau de falta de instrução e de<br />

docili<strong>da</strong>de para com as coisas espirituais, preferindo antes seguir suas más<br />

incli<strong>na</strong>ções do que as santas inspirações de Deus e os caridosos conselhos de<br />

seus pais.<br />

Trata-se portanto de liberar os pensionistas de um mundo que é,<br />

para a fraqueza de que se revestem, ape<strong>na</strong>s um convite ao pecado,<br />

trazê-los para uma solidão onde só terão por companheiros os "anjos<br />

<strong>da</strong> guar<strong>da</strong>" encar<strong>na</strong>dos <strong>na</strong> presença cotidia<strong>na</strong> de seus vigias: estes,<br />

com efeito,<br />

109 HOWARD, loc. cit., I, p. 157.<br />

110 Idem, ibidem, II, pp. 382-401.<br />

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