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A história da loucura na idade clássica

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de se garantirem contra encantamentos e para curar diversas doenças e<br />

conservar a saúde 9 .<br />

O lápis-lazúli, por exemplo,<br />

quando carregado, não ape<strong>na</strong>s fortifica a vista como também mantém<br />

alegre o coração; sendo lavado e preparado como se deve, purga o<br />

homem melancólico, sem perigo algum.<br />

De to<strong>da</strong>s as pedras, a esmeral<strong>da</strong> é a que oculta mais poderes, e<br />

também os mais ambivalentes; sua virtude maior é zelar pela<br />

Sabedoria e pela Virtude; segundo Jean de Renou, ela pode não<br />

ape<strong>na</strong>s preservar do mal caduco todos os que a ostentarem no dedo<br />

encastra<strong>da</strong> em ouro, como também fortificar a memória e resistir aos<br />

esforços <strong>da</strong> concupiscência. Pois conta-se que um rei <strong>da</strong> Hungria,<br />

envolvido em embates amorosos com sua mulher, sentiu que uma<br />

bela esmeral<strong>da</strong> que trazia no dedo se quebrou em três partes diante<br />

<strong>da</strong> relação entre os dois, tanto essa pedra gosta <strong>da</strong> casti<strong>da</strong>de 10 .<br />

Não valeria a pe<strong>na</strong> citar essas crendices, sem dúvi<strong>da</strong>, se não<br />

figurassem ain<strong>da</strong>, de um modo bem explícito, <strong>na</strong>s farmacopéias e nos<br />

tratados de medici<strong>na</strong> dos séculos XVII e XVIII. Sem dúvi<strong>da</strong>, deixam-<br />

se de lado as práticas cujo sentido é demasia<strong>da</strong>mente manifesto<br />

como mágico. Lemery, em seu Diction<strong>na</strong>ire des drogues, recusa-se a<br />

atribuir crédito a to<strong>da</strong>s as supostas proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s esmeral<strong>da</strong>s:<br />

Afirma-se que são boas para a epilepsia e que apressam o parto, quando<br />

carrega<strong>da</strong>s como amuleto; mas estas quali<strong>da</strong>des são imaginárias.<br />

Mas se se recusa o amuleto como mediação <strong>da</strong>s eficácias, evita-<br />

se despojar as pedras de seus poderes; são recoloca<strong>da</strong>s no elemento<br />

<strong>na</strong>tural, onde as virtudes assumem o aspecto de um suco<br />

imperceptível cujos segredos podem ser extraídos por quintessência;<br />

a esmeral<strong>da</strong> leva<strong>da</strong> no dedo não tem mais poderes; misturem-<strong>na</strong> aos<br />

sais do estômago, aos humores do sangue, aos espíritos dos nervos,<br />

e seus efeitos serão certos e sua virtude, <strong>na</strong>tural.<br />

9 JEAN DE RENOU, Oeuvres pharmaceutiques, trad. de Serres, Lyon, 1638, p 405.<br />

10 JEAN DE RENOU, op.cit., pp. 406-413. Bem antes Albert de Bolls<strong>da</strong>t já dissera<br />

<strong>da</strong> crisáli<strong>da</strong> que ela «faz adquirir sapiência e espanta a <strong>loucura</strong>», e que<br />

BARTHÉLEMY (De proprietatibus rerum) atribuía ao topázio a facul<strong>da</strong>de de<br />

elimi<strong>na</strong>r o frenesi.<br />

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