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A história da loucura na idade clássica

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Enfim, os hospitais regurgitam, sem que problema algum seja<br />

realmente resolvido:<br />

Em Paris, todos os mendigos foram soltos após terem sido detidos e após as<br />

sublevações que se viram; as ruas e as estra<strong>da</strong>s estão inun<strong>da</strong><strong>da</strong>s deles 56 .<br />

De fato, é a expansão econômica dos anos seguintes que vai<br />

reabsorver o desemprego.<br />

Por volta de 1765, nova crise, mais importante. O comércio<br />

francês desmoronou; a exportação diminuiu em mais <strong>da</strong> metade 57 ;<br />

em conseqüência <strong>da</strong> guerra, o comércio com as colônias é<br />

praticamente interrompido. A miséria é geral. Resumindo numa<br />

palavra to<strong>da</strong> a <strong>história</strong> econômica <strong>da</strong> Franço do século XVIII, Arnould<br />

escreve:<br />

Lembremos o estado de prosperi<strong>da</strong>de que a França teve desde a que<strong>da</strong> do<br />

Sistema até meados deste século, e comparemo-lo com as feri<strong>da</strong>s profun<strong>da</strong>s<br />

feitas <strong>na</strong> fortu<strong>na</strong> pública pela guerra de 1755 58 .<br />

Na mesma época, a Inglaterra atravessa uma crise igualmente<br />

grave; mas a sua tem causas bem diferentes, bem como um<br />

diferente aspecto; como conseqüência <strong>da</strong>s conquistas coloniais, o<br />

comércio aumenta em proporções consideráveis 59 , mas uma série de<br />

más colheitas (1756-1757) e a interrupção <strong>da</strong>s trocas com os países<br />

agrícolas <strong>da</strong> Europa provocam um forte aumento dos gêneros. De um<br />

lado e do outro, responde-se à crise com o inter<strong>na</strong>mento. Cooper<br />

publica em 1765 um projeto de reforma <strong>da</strong>s instituições de cari<strong>da</strong>de;<br />

propõe que se criem, em ca<strong>da</strong> hundred, sob a dupla vigilância <strong>da</strong><br />

nobreza e do clero, casas que teriam uma enfermaria para os doentes<br />

pobres, ofici<strong>na</strong>s para os indigentes válidos e centros de correção para<br />

os que se recusassem a trabalhar. Inúmeras casas são fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s no<br />

interior a partir desse modelo, inspirado por sua vez <strong>na</strong> workhouse de<br />

Carlford. Na França, um édito real de 1764 60 prevê a abertura de<br />

depósitos de mendigos, mas a decisão só começará a ser aplica<strong>da</strong><br />

após uma deliberação do conselho de 21.9.1767:<br />

56 Idem, p. 228, 19.7.1750.<br />

57 O total <strong>da</strong>s exportações para o período 1749-1755 fora de 341, 2 milhões de<br />

libras; para o período, 1756-1763, é de 148, 9 milhões. Cf. ARNOULD, loc. cit.<br />

58 Idem.<br />

59 O total <strong>da</strong>s exportações para o ano de 1748 fora de 11.142.202 libras; cm 1760,<br />

14.693.270. Cf. NICHOLLS, English Poor Laws, II, p. 54.<br />

60 Uma comissão tinha sido cria<strong>da</strong> no ano anterior para estu<strong>da</strong>r os meios de<br />

elimi<strong>na</strong>r a mendicância. Foi ela que redigiu a orde<strong>na</strong>ção de 1764.<br />

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