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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐86 Anabela Gradimproposição científica – com base nas suas condições lógico-transcen<strong>de</strong>ntais<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>, é o falibilismo que Peirce <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, o qual propõe tão só duascoisas: admitir o carácter falível e hipotético das proposições científicas, semexcepção; e conjugar isso com a justificação, por meio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>dução transcen<strong>de</strong>ntal,da valida<strong>de</strong> e necessida<strong>de</strong> das três formas <strong>de</strong> inferência, através dasquais as proposições sintéticas da ciência são produzidas. Com isto, “a distinçãokantiana entre fenómeno e númeno é novamente substituída, tal comoo fora na teoria da realida<strong>de</strong>, pela distinção entre o que é <strong>de</strong> facto conhecidoe a infinida<strong>de</strong> do que po<strong>de</strong> ser conhecido”. 28 É a cognoscibilida<strong>de</strong> dos entes,e a sua i<strong>de</strong>ntificação com o real, que constitui a pressuposição necessária danova teoria do conhecimento, juntamente com a assunção da valida<strong>de</strong> a longoprazo do processo sintético <strong>de</strong> inferência ou abdução.Datam <strong>de</strong>ste período os ensaios <strong>de</strong> Peirce sobre teoria do conhecimento,nomeadamente Questões sobre Certas Faculda<strong>de</strong>s Reclamadas para o Homem,29 publicado em 1860 no Journal of Speculative Philosophy, e que versasobre certas faculda<strong>de</strong>s que o homem não possui.O ensaio é construído à maneira das quaestiones medievais. Peirce colocaa quaestio – ao todo haverá sete – e trata <strong>de</strong> lhe respon<strong>de</strong>r, analisando duranteo processo hipotéticos contra-argumentos e dificulda<strong>de</strong>s possíveis.A primeira questão pren<strong>de</strong>-se com saber se, pela simples contemplação<strong>de</strong> uma cognição, sem fazer uso <strong>de</strong> raciocínio, somos capazes <strong>de</strong> distinguir seessa cognição foi <strong>de</strong>terminada por uma cognição prévia, ou se se refere imediatamenteao seu objecto. Peirce conclui que não possuímos uma faculda<strong>de</strong>intuitiva que permita distinguir cognições intuitivas <strong>de</strong> cognições mediatas, eque todos os dados disponíveis apontam no sentido <strong>de</strong> existir uma muito forteprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que assim seja. Esta tese geral é conjugada com as tesesespeciais tratadas nas questões seguintes, nomeadamente que não possuímosintuitivamente autoconsciência, mas esta é resultado <strong>de</strong> inferências a partir<strong>de</strong> objectos exteriores, pois só distinguimos os nossos “eus” privados do egoabsoluto <strong>de</strong> apercepção pura pela existência da ignorância e do erro; que nãopossuímos um po<strong>de</strong>r intuitivo <strong>de</strong> distinguir entre os elementos subjectivos –28 . APEL, Karl-Otto, <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs Peirce — from Pragmatism to Pragmaticism, 1995,Humanities Press, New Jersey, p. 36.29 . “Questions Concerning Certain Faculties Claimed for Man”, in Writings of <strong>Charles</strong>San<strong>de</strong>rs Peirce: A Chronological Edition, ed. FISCH, Max, et al., Bloomington, Indiana UniversityPress, vol. II, pp. 193-211.www.labcom.pt✐✐✐✐

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