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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐198 Anabela Gradimuma força viva e actuante, que não po<strong>de</strong> ser explicada por mero mecanicismo,e é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> o homem a perceber ou não. 92O melhor exemplo que Peirce dá <strong>de</strong> Thirdness é o da tarte <strong>de</strong> maçã. 93Quando se <strong>de</strong>seja uma tarte <strong>de</strong> maçã, reparamos que há um livro <strong>de</strong> receitascom uma colecção <strong>de</strong> regras sobre como obter uma. O que é <strong>de</strong>sejado, dizPeirce, não é uma coisa individual, mas algo que <strong>de</strong>verá produzir um certotipo <strong>de</strong> efeito ou, no caso da tarte, um prazer – <strong>de</strong>seja-se algo que é geral, eo prazer ou efeito que este produz é uma qualida<strong>de</strong>. A tarte que é <strong>de</strong>sejada“não é uma tarte particular”, mas uma i<strong>de</strong>ia geral da tarte – uma que seja feita<strong>de</strong> maçãs frescas, nem <strong>de</strong>masiado doce, nem <strong>de</strong>masiado amarga, dourada eligeiramente estaladiça – e essa i<strong>de</strong>ia geral que é <strong>de</strong>sejada há-<strong>de</strong> ser preenchidapor uma ocorrência concreta da tarte. O que se <strong>de</strong>seja é “algo <strong>de</strong> uma dadaqualida<strong>de</strong>; mas o que se tem para tomar é esta ou aquela maçã particular. Éda natureza das coisas não se po<strong>de</strong>r tomar a qualida<strong>de</strong>, mas ter <strong>de</strong> se tomar acoisa particular (...) Ora o <strong>de</strong>sejo nada tem a ver com particulares; relacionasecom qualida<strong>de</strong>s. O <strong>de</strong>sejo não é uma reacção com referência a uma coisaparticular; é uma i<strong>de</strong>ia acerca <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia, nomeadamente a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> comoseria para mim um <strong>de</strong>leite saborear uma tarte <strong>de</strong> maçã”. 94Tomemos então em consi<strong>de</strong>ração todo o processo. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> tarte <strong>de</strong>maçã, o sonho que o gourmet persegue, é uma Primeirida<strong>de</strong>, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> umaQualida<strong>de</strong>, não possui traços predominantes <strong>de</strong> Terceirida<strong>de</strong> e é “irresponsável”.Os materiais <strong>de</strong> que este lança mão para confeccionar a tarte, e por fima própria tarte, que satisfará o <strong>de</strong>sejo, são objectos da experiência, ocorrênciasconcretas, isticida<strong>de</strong>s, 95 e nesse sentido são Segundos. Mas o <strong>de</strong>sejo queleva a satisfazer uma i<strong>de</strong>ia ou sonho com um objecto ou ocorrência concreta,as regras seguidas para a confecção <strong>de</strong> uma tarte particular que serve à satisfação<strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> que não o é, em tudo isso encontramos Terceirida<strong>de</strong>.Porque esse <strong>de</strong>sejo, ou essas regras, funcionam como um Terceiro ou meioque une um Primeiro e um Segundo em or<strong>de</strong>m a um <strong>de</strong>terminado resultado.“O mesmo suce<strong>de</strong> com qualquer lei da natureza. Se esta não fosse mais que92 . Collected Papers, 5.63.93 . Collected Papers, 1.341. Parafraseia-se este parágrafo, e o seguinte, durante o exemploda tarte.94 . I<strong>de</strong>m.95 . Suchnesses ou haeccities, no vocabulário peirceano.www.labcom.pt✐✐✐✐

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