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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 159A principal questão levantada pelo esquema categorial aristotélico pren<strong>de</strong>secom o seu estatuto: as categorias são linguísticas ou ontológicas? Referemseao modo <strong>de</strong> dizer o ser ou ao modo como este efectivamente é? São modos<strong>de</strong> predicação, ou as gran<strong>de</strong>s divisões classificatórias do ser? Constituem formasdo juízo patentes na expressão ou <strong>de</strong>terminações dos entes?Tudo indica que para Aristóteles são ambas as coisas, e o filósofo parecemover-se insensivelmente entre o campo da predicação e expressão linguística,e o campo das <strong>de</strong>terminações ontológicas dos entes, sem assinalar ouminimamente problematizar tal transição. 4 Como Kneale reconhece, apesarda enorme influência que exerceu em Lógica, mercê da sua inclusão no Organon,As Categorias são uma obra “muito difícil <strong>de</strong> interpretar com segurança”5 <strong>de</strong>vido à “excepcional ambiguida<strong>de</strong> no propósito e no conteúdo”. 6 Adificulda<strong>de</strong> principal é <strong>de</strong>cidir se Aristóteles fala <strong>de</strong> palavras ou <strong>de</strong> coisas, ou<strong>de</strong> ambas, e que é agravada pelo facto <strong>de</strong> a língua grega no séc. IV a.C. nãopossuir dispositivos gráficos simples que permitissem objectualizar palavras,caso <strong>de</strong> umas simples aspas. 7Kneale é <strong>de</strong> opinião que, não tendo Aristóteles a clara consciência <strong>de</strong>stasambiguida<strong>de</strong>s, se questionado diria acreditar estar a tratar <strong>de</strong> coisas, enão meramente dos sinais utilizados para as exprimir, opinião que partilho.Esta hipótese, que é a mais simples e elegante, já fora aventada por Porfírio:Aristóteles classifica seres e usa as expressões linguísticas para expressar taisdiferenças. 8 A homologia linguagem-mundo garantiria, em todo o processo, a4 . Cf. WARDY, Robert, “Categories”, Routledge Encyclopedia of Philosophy, ed. EdwardCraig, Routledge, London, 1998, vol. 1, pp. 229-233. “He nowhere attempts either to justifywhat he inclu<strong>de</strong>s in his list of categories or to establish its completeness, and relies throughouton the unargued conviction that language faithfully represents the most basic features of reality”.5 . KNEALE, William & Martha, O Desenvolvimento da Lógica, 1972, Fundação CalousteGulbenkian, Lisboa, p. 25.6 . I<strong>de</strong>m, p. 27.7 . Admitindo como altamente provável que Aristóteles nem sequer tivesse consciência dasdificulda<strong>de</strong>s em que o seu discurso mergulharia os comentadores nos séculos seguintes, Knealeatribui uma boa parte <strong>de</strong>stas à incipiência da língua grega. “Aristóteles tinha apenas um sinalpara fazer o que fazem os nossos três sinais “homem”, “a palavra ‘homem”’, e “humanida<strong>de</strong>””,<strong>de</strong>ficiência que só mais tar<strong>de</strong> seria colmatada na língua grega. I<strong>de</strong>m, p. 29.8 . I<strong>de</strong>m. Cf. PORFÍRIO, Isagoge – Introdução às Categorias <strong>de</strong> Aristóteles, trad. PinharandaGomes, col. Filosofia e Ensaios, 1994, Guimarães Editores, Lisboa.www.labcom.pt✐✐✐✐

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