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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 145contemporaneida<strong>de</strong> que Vattimo analisa Apel, encarando-o ainda como umactor do projecto emancipatório da Aufklärung.A <strong>de</strong>finição vattimiana <strong>de</strong> contemporaneida<strong>de</strong> obtém a sua unida<strong>de</strong> a partirda noção <strong>de</strong> que “os i<strong>de</strong>ais sociais da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se mostram unitariamente<strong>de</strong>scritíveis como guiados pela utopia da absoluta autotransparência”. 66 Oprojecto iluminista, que tem como i<strong>de</strong>al a transformação da socieda<strong>de</strong> no sentidoda transparência é ainda uma continuação do programa hegeliano <strong>de</strong> realizaçãodo Espírito Absoluto e <strong>de</strong> presentificação da razão a si própria, queutiliza como instrumento privilegiado as ciências humanas, sujeito e objecto<strong>de</strong> ciência e instrumento emancipador pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> objectivação dohomem a si próprio. Está bem <strong>de</strong> ver que Vattimo localiza legatários <strong>de</strong>ste programana teoria social contemporânea, nomeadamente em Apel e Habermas,“ambos ligados à herança do marxismo crítico, da hermenêutica, da filosofiada linguagem, mas sobretudo movidos por uma po<strong>de</strong>rosa inspiração neokantiana”.67A socieda<strong>de</strong> mediática dos últimos anos parece, pela intensificação da comunicação,também uma via para cumprir esse hegeliano <strong>de</strong>stino: tudo ver,tudo, em tempo real, mostrar. A obsessão inquisitorial pela sincerida<strong>de</strong>, pela<strong>de</strong>socultação, e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos, em alguma ocasião, ocuparem o espaçoinformativo 68 configuram também essa presentificação do homem a sipróprio. Vattimo chama, e muito bem, a atenção, para o facto <strong>de</strong> este i<strong>de</strong>al<strong>de</strong> transparência mediática coexistir com um discurso pio que crê na possibiúnicaforma verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> a realizar, com prejuízo <strong>de</strong> todas as peculiarida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>todas as caracterizações limitadas, efémeras, contingentes”, i<strong>de</strong>m, p. 15.66 . I<strong>de</strong>m, p. 24.67 . I<strong>de</strong>m, p. 25. “As posições <strong>de</strong> Apel são significativas, não só porque atribuem um papelessencial às ciências humanas na realização <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação entendidacomo i<strong>de</strong>al normativo, mas também porque mostram sem equívocos o que está contido nestei<strong>de</strong>al como sua característica essencial, isto é, a autotransparência (ten<strong>de</strong>ncialmente) completada socieda<strong>de</strong> sujeito-objecto <strong>de</strong> um saber reflexivo que, em certo sentido, realiza aquele absolutodo espírito que em Hegel era um puro fantasma i<strong>de</strong>ológico, um absoluto que, na sua“i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong>” mantinha com o real concreto aquela relação <strong>de</strong> transcendência “platónica” dasessências metafísicas...”, i<strong>de</strong>m, pp. 27-28.68 . O paradigma do limite, ou falta <strong>de</strong>le, <strong>de</strong>ssa presentificação do homem a si próprio é oconcurso Masterplan, da SIC, on<strong>de</strong> os concorrentes assistem – e é emitido – às gravações dassuas próprias prestações da véspera, examinando-se e comentando-se a si próprios. É evi<strong>de</strong>nteque enquanto i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> transparência, este é só aparente, já que se gera aqui uma espiral do tipoo comentário, do comentário, do comentário... ad infinitum.www.labcom.pt✐✐✐✐

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