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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐276 Anabela Gradimlinguagem como instrumento <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong>signação. O signo linguísticoé símbolo dos estados <strong>de</strong> alma, e a palavra escrita símbolo da palavraenunciada. As palavras significam o objecto a que se referem em virtu<strong>de</strong> dasua convencionalida<strong>de</strong> (daí haver línguas diferentes), mas os estados <strong>de</strong> almaou do mundo a que se reportam são-lhe essencialmente estranhos – não são aprópria palavra, que po<strong>de</strong> variar, tema que já encontramos em Platão. 32Esta incipiente teoria da linguagem servirá <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a toda a doutrinasubsequente sobre o tema, e num certo sentido po<strong>de</strong>mos dizer que ela é nomenclaturista,porque não conce<strong>de</strong> aos processos semióticos mais papel quecolarem-se como rótulo ao real servindo para comunicá-lo. E esta concepçãonomenclaturista <strong>de</strong> linguagem instaurada por Aristóteles manter-se-á até aoPrimeiro Wittgenstein: a língua é uma cópia da realida<strong>de</strong>, cada palavra nomeiauma coisa, e não distingue significado <strong>de</strong> referente. Os homens chegam<strong>de</strong>pois ao conhecimento das coisas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da linguagem e cadaum por si, e só posteriormente associam aos objectos signos arbitrários queos nomeiam e representam à consciência. São tais signos, que representam ascoisas do mundo, que servirão ao homem para comunicar com os outros.Já os estóicos produziram uma elaborada teoria do signo, distinguindonele entre um significante ou entida<strong>de</strong> material; um significado, a que chamamlekton e que é uma entida<strong>de</strong> imaterial; e o objecto, que é a realida<strong>de</strong>à qual o signo se refere. O lekton, segundo Todorov, 33 não é propriamenteum conceito ou conteúdo mental, um interpretante, mas a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> osignificante <strong>de</strong>signar um objecto do mundo – e que po<strong>de</strong>ríamos fazer correspon<strong>de</strong>r,grosso modo, àquilo que Peirce mais tar<strong>de</strong> chamará <strong>de</strong> fundamento dorepresentamen. Distinguem-se ainda, na doutrina estóica, os lekta completos,proposições, dos incompletos, as palavras; e símbolos ou signos indirectosquando um lekton evoca outro lekton, directos quando se refere a um objectodo mundo.ARISTÓTELES, De l’Interpretation, trad. TRICOT, Jules, 1946, Bibliothéque <strong>de</strong>s Textes Philosophiques,Librairie Philosophique Jean Vrin, Paris, p. 77.32 . “Les sons émis par la voix sont les symboles <strong>de</strong>s états <strong>de</strong> l’âme, et les mots écrits lessymboles <strong>de</strong>s mots émis par la voix. Et <strong>de</strong> même que l’écriture n’est pas la même chez tousles hommes, les mots parlés ne sont pas non plus les mêmes, bien que les états <strong>de</strong> l’âme dontces expressions sont les signes immédiats soient i<strong>de</strong>ntiques chez tous, comme sont i<strong>de</strong>ntiquesaussi les choses dont ces états sont les images”, i<strong>de</strong>m, p. 78.33 . Cf. TODOROV, Tzvetan, 1979, Teorias do Símbolo, Edições 70, Lisboa.www.labcom.pt✐✐✐✐

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