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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐252 Anabela GradimPor tudo isto, parece evi<strong>de</strong>nte que o alcance do pragmatismo, à data emque este texto foi escrito, se encontrava ainda, na mente <strong>de</strong> Peirce, em amadurecimento,e que a totalida<strong>de</strong> da sua espessura e profundida<strong>de</strong> ainda se lhenão apresentava perfeitamente clara. Esta é a razão pela qual dirá que provavelmentenão faz qualquer diferença dizer que o diamante na sua almofada <strong>de</strong>algodão, é duro ou não. Mas mais tar<strong>de</strong> – e isso é que distingue o pragmaticismo– esse provavelmente assume-se e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finitivamente no seuespírito, e Peirce conclui que, na verda<strong>de</strong>, faz até uma gran<strong>de</strong> diferença: adiferença entre pragmatismo e pragmaticismo, nominalismo e realismo.“Bem, <strong>de</strong>vo confessar que faz muito pouca diferença se dizemos que umapedra no fundo do oceano, em completa escuridão, é brilhante ou não – isto é,provavelmente não faz diferença, lembrando-nos sempre que a pedra po<strong>de</strong> serpescada amanhã”. 61 Enfim, a formulação típica <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia ainda nebulosana mente do seu autor, que busca a forma e o acabamento <strong>de</strong>vidos, e que seexprime pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir entre algo e o seu contrário.“Full many a flower is born to blush unseen, and waste its sweetness onthe <strong>de</strong>sert air”. 62 Em que ficamos? Faz diferença ou não? Peirce, que já disseque provavelmente não faz, mas po<strong>de</strong> sempre ser pescada, caso em que faria,remata com um prodígio <strong>de</strong> ambivalência: “Mas que haja gemas no fundo domar, flores no <strong>de</strong>serto ignoto, etc, são proposições que, tal como a do diamanteser duro quando não é pressionado, concernem muito mais o arranjo da nossalinguagem que o significado das nossas i<strong>de</strong>ias”. 63Peirce mantém até ao fim do texto esta ambivalência, recordando ao seuleitor que, ontologia, por ora, é um tema e um caminho que não <strong>de</strong>seja aprofundar.64Completamente outra é a forma como o exemplo é apresentado num manuscrito,sem título e sem data, que foi incluído pelos editores dos CollectedPapers na Lógica <strong>de</strong> 1873. Aqui a opção <strong>de</strong> Peirce já é totalmente realista,ao mesmo tempo que a função das antece<strong>de</strong>ntes condicionais que marcam aúltima fase do pragmatismo, já é tornada explícita. Assim, diz Peirce, emboraa dureza seja constituída pelo facto <strong>de</strong> o diamante não se riscar quando61 . Collected Papers, 5.409, itálico nosso.62 . I<strong>de</strong>m.63 . Collected Papers, 5.405.64 . “I will not trouble the rea<strong>de</strong>r with any more ontology at this moment. I have already beenled much further into that path than I shoud have <strong>de</strong>sired”, Collected Papers, 5.410.www.labcom.pt✐✐✐✐

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