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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 39eu a compreendo (...) Quando se diz “Ele <strong>de</strong>u um nome à sensação”, esqueceseque, na linguagem, já tem que haver muito trabalho preparatório para queo simples “dar nome” tenha sentido” 33 .O resultado <strong>de</strong>sta reflexão, que dissolve o solipsismo metódico, é que conceitoscomo “sentido” e “verda<strong>de</strong>” no interior <strong>de</strong> um jogo <strong>de</strong> linguagem, àfalta da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um e apenas um po<strong>de</strong>r seguir uma regra, terão <strong>de</strong> serfixados mediante o diálogo e a convenção.Precisemos. Todo o jogo <strong>de</strong> linguagem se estabelece sobre regras <strong>de</strong> usodos signos, e a aplicação <strong>de</strong> uma regra supõe a existência <strong>de</strong> critérios quedistingam os bons dos maus usos. Evi<strong>de</strong>ntemente, uma regra e um critériosó po<strong>de</strong>m ser fixados intersubjectivamente. Um eu solipsista seria incapaz <strong>de</strong>distinguir entre a aplicação correcta da regra e o seu oposto. O que Wittgensteinse esforça por comunicar aos seus leitores é que a diferença entre o bome o mau uso, aplicada a um sujeito isolado, carece <strong>de</strong> sentido, pois a aplicação<strong>de</strong> uma regra privada – S significa a sensação X – baseia-se na memória,na resolução <strong>de</strong> que, doravante, S significa X. Ora se a memória falhar, e osujeito aplicar a regra erroneamente, não po<strong>de</strong> ser corrigido – algo que não severificaria numa linguagem pública. Assim, se não há <strong>de</strong>svio, não po<strong>de</strong> havernorma, e vice-versa 34 .Este é o contributo especificamente semiótico para a ultrapassagem do solipsismometodológico da epistemologia tradicional, que lida com os outrossujeitos não como actores no processo <strong>de</strong> comunicação, mas objectificandoos,ou supondo entre todos uma espécie <strong>de</strong> harmonia pré-estabelecida ou empatia.Além dos contributos <strong>de</strong> Morris e Wittgenstein, Apel também rejeitará osolipsismo com base na semiótica peirceana, que ele crê ultrapassar, conferindo-33 . WITTGENSTEIN, Ludwig, Tratado Lógico-Filosófico e Investigações Filosóficas, trad.LOURENÇO. M. S., 1987, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, §256 e §257, pp. 341-342.34 . A questão é colocada e sumariada <strong>de</strong> forma muito feliz no §199. “É aquilo a que chamamos“seguir uma regra” algo que apenas um homem, uma vez na vida, pu<strong>de</strong>sse fazer? (...) Nãopo<strong>de</strong> ser que uma regra tenha sido seguida uma única vez por um único homem. Não po<strong>de</strong> serque uma comunicação tenha sido feita, que uma or<strong>de</strong>m tenha sido dada ou compreendida apenasuma vez. Seguir uma regra, fazer uma comunicação, dar uma or<strong>de</strong>m, jogar uma partida <strong>de</strong>xadrez, são costumes (usos, instituições). Compreen<strong>de</strong>r uma proposição significa compreen<strong>de</strong>ruma linguagem. Compreen<strong>de</strong>r uma linguagem significa dominar uma técnica.”, WITTGENS-TEIN, Ludwig, Tratado Lógico-Filosófico e Investigações Filosóficas, trad. LOURENÇO. M.S., 1987, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 320.www.labcom.pt✐✐✐✐

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