13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 143<strong>de</strong>ssa índole que se verifiquem ao nível das comunida<strong>de</strong>s reais. Melo consi<strong>de</strong>ratal “ameaça” <strong>de</strong> submersão i<strong>de</strong>ntitária puramente moralista, e um recairno teleologismo: pelo facto da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação ser posta contrafactualmente,não se segue que todos os discursos e todos os sujeitos se <strong>de</strong>vamconformar às suas regras. 58A normativida<strong>de</strong> “policial” <strong>de</strong> que o acusa ocorre porque “Apel projectao i<strong>de</strong>al sobre o real, e preten<strong>de</strong> que este se há-<strong>de</strong> subordinar àquele. Este há<strong>de</strong>regular-se por aquele. Mas aí se afunda por inteiro num enormíssimo errocategorial. Transforma clan<strong>de</strong>stinamente o regulador-i<strong>de</strong>al num constitutivoe <strong>de</strong>terminante fáctico-discursivo. Com este curiosíssimo efeito: tudo fica namesma como está, esteve e estará”. 59 Por último, em sua opinião, não ficamcriadas ao cabo <strong>de</strong>ste percurso as condições para que se vislumbre uma realcomunicabilida<strong>de</strong> universal, sem atritos, ruído ou obstáculos. O diagnóstico<strong>de</strong> Adélio Melo é impiedoso: a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paradigmas categoriais ejogos <strong>de</strong> linguagem, a <strong>de</strong>speito dos esforços <strong>de</strong> Apel, mantém-se. 60Mas é Gianni Vattimo, 61 embora <strong>de</strong> uma perspectiva – a relativístico pósmo<strong>de</strong>rna,na sua euforia da multiplicida<strong>de</strong> e fragmentação – que me pareceapresentar a leitura <strong>de</strong> Apel mais interessante e frutuosa. Curiosamente (os extremosatraem-se?) é também o mapeamento mais sereno do autor. Vattimo é<strong>de</strong> Apel o menos crítico, e aquele que mais sinceramente procura compreendê-58 . “. . . [Ao conceber as consequências para os que se auto-excluem das pressuposiçõestranscen<strong>de</strong>ntais da discussão] Apel <strong>de</strong>sliza insensivelmente da epistemologia para a moral, epara uma moral monocórdica ou unívoca. Desliza para consequências que não se seguem necessariamente<strong>de</strong> nada, a não ser que se admita precisamente que há um telelologismo aprióricoque, sendo a parte post, regula legalmente todo o a parte ante duma maneira uniformementeigualitária. E não se seguem tais consequências porque, muito simplesmente, não é necessáriohaver, nem <strong>de</strong> facto há, qualquer meta-jogo <strong>de</strong> linguagem a que todas as discursivida<strong>de</strong>s sehajam <strong>de</strong> subordinar”, i<strong>de</strong>m, p. 711.59 . Discordo, a este passo, da interpretação do Professor Melo, mas não das consequênciasque aduz. Creio que o esquema apeleano funciona <strong>de</strong> forma rigorosamente oposta: o real éprojectado sobre o i<strong>de</strong>al – que tem <strong>de</strong> ser avançado contra-factualmente para possibilitar talprojecção – criando assim espaço para o progresso discursivo e moral. O problema é queeste esquema i<strong>de</strong>al não cria as condições para a auto-perfectibilização das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>comunicação reais, antes supõe uma série <strong>de</strong> circunstâncias já dadas, nesse sentido se po<strong>de</strong>ndodizer que “tudo fica na mesma como está”.60 . I<strong>de</strong>m. Cf. p. 715.61 . VATTIMO, Gianni, A Socieda<strong>de</strong> Transparente, 1992, col. Antropos, Relógio d’Água,Lisboa.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!