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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐216 Anabela Gradim– impele-o à “inquirição”, 11 que terá como resultado a <strong>de</strong>struição da dúvida eo estabelecimento <strong>de</strong> um novo estado <strong>de</strong> satisfação. 12 Essa luta que vai da dúvidaà crença forma um caminho a que Peirce chama inquirição, 13 e que tempor único objectivo a fixação da opinião e o estabelecimento <strong>de</strong> uma crençaque julguemos ser verda<strong>de</strong>ira. Pouco importa se o é ou não – já que sempreque o homem perfilha uma crença está intimamente convicto da sua verda<strong>de</strong>,e “inteiramente satisfeito, quer seja verda<strong>de</strong>ira ou falsa”. 14 Ora como o queexiste é o cognoscível, e tanto quanto o homem sabe, aquela crença é verda<strong>de</strong>ira,a diferença entre sê-lo ou não é verda<strong>de</strong>iramente irrelevante – melhor,não há diferença alguma, e é meramente tautológico classificar uma crença<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira. 15 Quanto à dúvida <strong>de</strong> tipo cartesiano, Peirce <strong>de</strong>spreza-a comoociosa e capaz ainda <strong>de</strong> distorcer o acesso à verda<strong>de</strong>, por levar o homem aacreditar que se livrou <strong>de</strong> todos os seus preconceitos, algo que reputa <strong>de</strong> manifestamenteimpossível. A dúvida só tem interesse se for “real and livingdoubt”, pois é essa que provoca e conduz a inquirição. 16A dúvida cartesiana não tem qualquer relevância em termos epistemológicosporque a inquirição não tem <strong>de</strong> iniciar-se sobre princípios primeiros eindubitáveis, como pretendia Descartes. Basta que se inicie sobre premissascompletamente livres <strong>de</strong> dúvida em face da informação disponível, isto é,premissas que ninguém em seu são juízo poria em dúvida, para que os seus resultadossejam <strong>de</strong>monstrativos. Cessando a dúvida, cessa a activida<strong>de</strong> mentalque a tinha por objecto e, nesse ponto <strong>de</strong> que já se não duvida, não po<strong>de</strong>m serobtidos progressos. “Se <strong>de</strong> facto já não se duvida das premissas, elas não sepo<strong>de</strong>m tornar mais satisfatórias do que já são”, 17 e por isso são perfeitamentea<strong>de</strong>quadas ao início da inquirição. Resumindo: a dúvida suscita a inquiri-11 . Inquiry, no original. Optou-se por traduzir inquiry por inquirição, por ser a forma portuguesamais semelhante àquele verbo; mas inquérito ou investigação seriam também escolhaspossíveis. Esta última forma, porém, foi preterida pois Peirce dispunha igualmente do vocábuloinvestigation, se esse fosse o matiz que <strong>de</strong>sejava acentuar.12 . Collected Papers, 5.373.13 . “I shall term this struggle Inquiry, though it must be admitted that this is sometimes nota very apt <strong>de</strong>signation”, Collected Papers, 5.374.14 . Collected Papers, 5.375.15 . Collected Papers, 5.375.16 . Collected Papers, 5.376.17 . “But, in point of fact, an inquiry, to have that completely satisfactory result called <strong>de</strong>monstration,has only to start with propositions perfectly free from all actual doubt. If thewww.labcom.pt✐✐✐✐

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