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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 123Para ilustrar as pressuposições éticas que subjazem também à ciência dita“objectiva” Apel recorre ainda à Teoria dos Actos <strong>de</strong> Fala. 14 Com efeito, aocabo das investigações <strong>de</strong> Austin e Searle, tornou-se patente a impossibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> distinguir rigorosamente enunciados performativos <strong>de</strong> constatativos,ou, para dizê-lo <strong>de</strong> outra forma, tornou-se patente que qualquer enunciadoconstatativo, é, também, a um certo nível, performativo, implicando pretensõessobre o significado e a valida<strong>de</strong> das afirmações que enuncia. No diálogo– diz Apel – produzem-se não apenas afirmações neutras acerca <strong>de</strong> estados <strong>de</strong>coisas, mas também “acções comunicativas”. Na “estrutura pragmática profunda”<strong>de</strong> qualquer acção comunicativa, mesmo que ostensivamente constatativa,ocorrem complementos performativos, acções que estão ligadas a pretensõesmorais sobre os restantes elementos da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação. Éprecisamente neste sentido <strong>de</strong> complemento performativo, e aten<strong>de</strong>ndo à impossibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> uma linguagem privada, que Apel reivindicará a existência epo<strong>de</strong>r vinculativo <strong>de</strong> uma norma moral básica. A ética fica assim indissociavelmenteligada às estruturas profundas da racionalida<strong>de</strong> humana, das quaisnão po<strong>de</strong> ser prescindida.A ciência, com a sua objectivida<strong>de</strong> valorativamente neutra, e o “cientismo”que <strong>de</strong>la <strong>de</strong>corre, parecem impedir uma ética fundada racionalmente.As consequências das <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Wittgenstein, Austin e Searle, porém,apontam no sentido <strong>de</strong> que praticar ciência já exige uma ética, quando supõeum acordo sobre valida<strong>de</strong> e significado, e pretensões sobre os restantes interlocutores,no interior da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação. Peirce e Wittgensteinmostraram que a ciência não po<strong>de</strong> ser praticada <strong>de</strong> forma solipsista, nem épossível objectificar os outros homens, numa tentativa cientista <strong>de</strong> os reduzira objectos <strong>de</strong> estudo. A ultrapassagem do solipsismo metódico que, a esteponto, é exigida, proporciona a transição para o domínio ético, fornecendouma fundação <strong>de</strong>ssa norma ética básica que se escora na própria estrutura daracionalida<strong>de</strong> humana. 15 É este o sentido da tão propalada ultrapassagem donormes morales au sein d’une communauté”, in APEL, Karl-Otto, Éthique <strong>de</strong> la Discussion,1994, Humanités, Les Éditions du CERF, Paris, p. 37.14 . AUSTIN, J.L., How to make things with words, 1995, Oxford, Oxford University Press;e SEARLE, John R., Speech acts: an essay in the philosophy of language, 1974, Cambridge,Cambridge University Press, MA.15 . “Em suma, a lógica normativa da ciência (cientismo) pressupõe uma hermenêutica norwww.labcom.pt✐✐✐✐

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