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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 251Também aqui a ciência e as leis que governam os acontecimentos são construçõesmentais – não há, nem po<strong>de</strong> haver, qualquer garantia <strong>de</strong> que possuamcorrespondência no mundo real.Paradoxalmente, apesar <strong>de</strong> toda a elaboração do processo kantiano, a situaçãoque se verifica é a da ciência nominalista: um mundo sobre o qual nadase po<strong>de</strong> dizer; leis, generalida<strong>de</strong> e or<strong>de</strong>m que são constructo humano; e umaimpossibilida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> fazer aquelas coincidirem com esta: se coinci<strong>de</strong>m,é mero aci<strong>de</strong>nte, e <strong>de</strong> qualquer forma, o homem não po<strong>de</strong>, porque não estápara isso apetrechado, avaliá-lo. A ciência até po<strong>de</strong> prever e funcionar, comofunciona, mas num plano superior ao real, supra-real (o real é o que está paralá <strong>de</strong>la), e o entrosamento <strong>de</strong> um e outro é algo que a teoria não consegue explicar.Ora isto é, na visão <strong>de</strong> Peirce, puro nominalismo: também em Kant aciência e as leis gerais são categorias mentais a que nada <strong>de</strong> real correspon<strong>de</strong>,e mesmo que fortuitamente correspon<strong>de</strong>sse, o homem não po<strong>de</strong>ria sabê-lo.Qual é então a ligação do realismo peirceano com o pragmaticismo, eporque corrige Peirce o seu lapsus linguae <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> por excessivamentenominalista, aproveitando para se afastar dos pragmatismos “<strong>de</strong>generados”emergentes? É o que veremos a seguir.9.4 Pragmatismo e pragmaticismoNos exemplos <strong>de</strong> How to Make our I<strong>de</strong>as Clear Peirce diz então que “nãohá absolutamente nenhuma diferença entre uma coisa dura e uma coisa mole,conquanto não sejam testadas”, 59 <strong>de</strong> forma que, se um diamante cristalizasseno interior <strong>de</strong> uma bola <strong>de</strong> suavíssimo algodão, e ali permanecesse, até finalmentese <strong>de</strong>sintegrar, seria falso dizer que o diamante era suave e mole (soft)como o algodão? A resposta <strong>de</strong> Peirce é que “não haveria falsida<strong>de</strong> em taismodos <strong>de</strong> discurso”, 60 pois estes pren<strong>de</strong>m-se muito mais com o arranjo dalinguagem e as formas do discurso, do que com a substância do que as coisasrealmente são. Isto é, a questão parece-lhe nesta altura meramente verbal: nãohá nenhuma diferença entre dizê-lo duro, ou brando, porque só o teste revelariao que <strong>de</strong> facto é. E este não se realiza. De modo que falar como for maisconveniente não fará diferença alguma.59 . Collected Papers, 5.403.60 . Collected Papers, 5.403.www.labcom.pt✐✐✐✐

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