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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Ética e heteronomia 447única <strong>de</strong>cisão possível que é semântica e pragmaticamente consistente”. Qualquerpessoa que escolha o obscurantismo “termina a discussão ela própria e asua <strong>de</strong>cisão é, por conseguinte, irrelevante para a discussão”. 10 Ao fazê-lo,esse sujeito “<strong>de</strong>ixa a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação transcen<strong>de</strong>ntal e abandonaa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autocompreensão e auto-i<strong>de</strong>ntificação”. 11 Ora pressuporuma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> argumentar (will to argumentation) e a submissão a normasmorais básicas, para que então o acordo racional possa fluir, é mais do que asituação do mundo contemporâneo nos permite atrever a <strong>de</strong>sejar. Estar forada discussão e fora do jogo <strong>de</strong> linguagem, per<strong>de</strong>r mesmo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> si como agente racional po<strong>de</strong>rá ser roubar sentido à discussão,mas não é <strong>de</strong> modo algum irrelevante. Ou antes, será irrelevante para aqueladiscussão, mas não certamente para o mundo comum que habitamos.Já quanto ao método, a transformação pragmática peirceana do kantismobaseia-se na valida<strong>de</strong> a longo prazo dos três tipos <strong>de</strong> inferência, e na substituiçãodo sujeito transcen<strong>de</strong>ntal por um sujeito colectivo, que po<strong>de</strong> falhar emqualquer inferência concreta, mas <strong>de</strong>verá necessariamente, dado um tempo suficientementelongo, corrigi-la por causa da valida<strong>de</strong> incondicional do princípio<strong>de</strong> procedimento. A transformação apeleana da questão, ao ser transpostapara a Ética, apresenta notáveis semelhanças: o princípio <strong>de</strong> fundamentaçãopragmático-transcen<strong>de</strong>ntal é válido incondicionalmente, mesmo que na parteB da Ética a formulação <strong>de</strong> conteúdos normativos possa ocasionalmente falhar.Mas o que esta esquece é que Peirce é compelido a unificar toda a suaarquitectónica sob uma visão metafísica do conjunto, precisamente para quetambém a epistemologia funcione. Em Apel não encontramos esse teleologismo,12 e portanto a questão da motivação dos agentes – imediata ou in the10 . APEL, Karl-Otto, Towards a Transformation of Philosophy, 1980, Routledge & KeganPaul, London, p. 268.11 . I<strong>de</strong>m.12 . Há um sentido, muito específico, em que se po<strong>de</strong> dizer que a Ética da Discussão é teleológica,que é quando postula a comunida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> comunicação como fim que a comunida<strong>de</strong>real persegue. Mas eu não consi<strong>de</strong>ro tal ética teleológica, na plenitu<strong>de</strong> do termo. É que se porum lado encontramos as éticas iluministas, que Kant mais marcou, proclamando a autonomiada ética e do indivíduo, rejeitando a heteronomia, e tentando fundar-se nas virtualida<strong>de</strong>s racionaisdo homem; por outro encontraremos verda<strong>de</strong>iro teleologismo nas éticas que se fundamheteeronomamente num fim exterior à própria razão humana. Ora, pese embora o tal sentidoespecial em que po<strong>de</strong>mos dizer que a ética apeleana é teleológica, se tomarmos como boa estawww.labcom.pt✐✐✐✐

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