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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 169melhanças entre o método <strong>de</strong> produzir <strong>sistema</strong>s formulado por Kant, e o quePeirce adopta, são também por <strong>de</strong>mais evi<strong>de</strong>ntes.Kant <strong>de</strong>finia arquitectónica – recor<strong>de</strong>-mo-lo – como “a arte dos <strong>sistema</strong>s”.37 O conhecimento, para ser racional, não po<strong>de</strong> ser rapsódico, mas <strong>de</strong>veformar um <strong>sistema</strong>, que enten<strong>de</strong> como “a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos diversossob uma i<strong>de</strong>ia” pois “nele se <strong>de</strong>terminam a priori tanto o âmbito do diverso,como o lugar respectivo das partes”. 38 A razão dota-se da forma e do fim <strong>de</strong>um todo, or<strong>de</strong>nando a diversida<strong>de</strong> e as diversas partes <strong>de</strong>sse todo, que por suavez se relacionam umas com as outras em função <strong>de</strong>sse fim. Por esse motivo o<strong>sistema</strong> é um todo <strong>de</strong> partes articulado e organizado, que cresce segundo umalógica interna ditada pela posição a priori das diferentes partes em relação aofim. O crescimento do <strong>sistema</strong>, diz Kant, segue sempre esta lógica interna,rejeitando as adições aci<strong>de</strong>ntais, que se apresentariam empiricamente. A or<strong>de</strong>naçãodas partes é assim <strong>de</strong>terminada a priori segundo o esquema racionalorganizado pelo “fim capital” ou “i<strong>de</strong>ia” com que a razão o dota. Kant distingue<strong>de</strong>pois unida<strong>de</strong> técnica em que um esquema é or<strong>de</strong>nado aci<strong>de</strong>ntalmentesegundo fins que se apresentam empírica e não necessariamente, da unida<strong>de</strong>arquitectónica, aquela que é fruto <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>nação a priori dos diferenteselementos do <strong>sistema</strong> que se reportam a um “fim capital da razão” e a partir<strong>de</strong>ssa relação se organizam na sua relação com o todo, e na das partes entre si.Tal será o <strong>sistema</strong> que surgindo “apenas em consequência <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia (on<strong>de</strong>a razão fornece os fins a priori e não os aguarda empiricamente) funda umaunida<strong>de</strong> arquitectónica”. 39 Esta unida<strong>de</strong> não técnica seria a forma perfeita daciência e da filosofia, e é sem dúvida aquela que Peirce busca quando exprimeintento <strong>sistema</strong>tizador.Já em 1890 Peirce pensa constituir arquitectonicamente o seu <strong>sistema</strong>,fornecendo-lhe por matéria, em sentido kantiano, as categorias, as quais, portal razão, urgia começar por inquirir em primeiro lugar. Mas é ao falar daconstrução do pragmatismo que Peirce utiliza a metáfora do “engenheiro civil”,que constrói a ponte, o barco ou a casa, para ilustrar o que enten<strong>de</strong> pelaexpressão kantiana “arquitectónica”. 40 Trata-se, na activida<strong>de</strong> construtiva do37 . In KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura, trad. SANTOS, Manuela Pinto & MORU-JÃO, Alexandre Fradique, 2 a ed., 1989, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 657.38 . I<strong>de</strong>m.39 . I<strong>de</strong>m, p. 658.40 . Cf. Collected Papers, 5.5.www.labcom.pt✐✐✐✐

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