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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐250 Anabela Gradimpo<strong>de</strong> negar-lhe coerência, o cerne do empirismo e cepticismo humeano, queresulta, na análise peirceana, <strong>de</strong> má metafísica nominalista. 54Só há duas maneiras <strong>de</strong> justificar a uniformida<strong>de</strong> com que as pedras caem.Esse facto <strong>de</strong>ve-se ou ao mero acaso, e não po<strong>de</strong>mos esperar que a próxima pedraque larguemos caia – é a posição humeana; ou essa uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se“a algum princípio geral activo, e nesse caso seria uma estranha coincidênciaque <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> operar no momento em que a minha previsão se baseavanele”. 55Para Peirce a última hipótese é a única que faz sentido, aquela <strong>de</strong> quenão po<strong>de</strong>mos duvidar, pois todos os dias milhares <strong>de</strong> previsões indutivas sãoverificadas mediante ela. O nominalista “terá <strong>de</strong> supor que cada uma <strong>de</strong>las émeramente fortuita para po<strong>de</strong>r escapar racionalmente à conclusão <strong>de</strong> que osprincípios gerais operam realmente na natureza. Essa é a doutrina do realismoescolástico”. 56 Ora “o homem que adopta a posição nominalista não po<strong>de</strong>admitir nenhuma lei geral como realmente operativa (...) <strong>de</strong>ve pois absterse<strong>de</strong> toda a previsão, não importa o quão qualificada por uma confissão <strong>de</strong>falibilida<strong>de</strong>”. 57 E isso que é, senão o golpe <strong>de</strong> misericórdia na ciência? É queainda que o nominalista não negue a ciência ou a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prever,torna-a perfeitamente inexplicável, coisa que o realismo, evi<strong>de</strong>ntemente, nãofará. 58Vimos porque o cepticismo humeano <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> uma metafísica nominalista.Mas e Kant, que tanto se esforça por salvar a ciência, porque oacusa Peirce <strong>de</strong> nominalismo? O problema <strong>de</strong> Kant é idêntico ao <strong>de</strong> Hume,mas a resposta que engendra é mais subtil e refinada. Kant mostra comoo que conhecemos é organizado pela mente através das formas da sensibilida<strong>de</strong>e do entendimento, mas o mundo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da forma como édado ao homem e por ele conhecido, permanece essencialmente incognoscível.Assiste-se então na metafísica kantiana a esta situação: dois mundos, ascoisas tais como são para o homem, e as coisas tais como elas mesmas são.54 . HUME, David, Investigação sobre o entendimento humano, col. Textos Filosóficos,Edições 70, 1985, Lisboa.55 . Collected Papers, 5.100.56 . Collected Papers, 5.101.57 . Collected Papers, 5.21058 . Cf. BOLER, John F., <strong>Charles</strong> Peirce and Scholastic Realism, University of WashingtonPress, 1963, Seattle, p. 32.www.labcom.pt✐✐✐✐

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