13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

✐✐✐✐278 Anabela Gradimcom recurso à observação, à experiência e à memória, interpretando os signosque o doente emite a partir <strong>de</strong>stas categorias. 39 Mais do que classificar outeorizar, Galeno, que se encontra muito próximo da escola dos “empíricos”,recomenda ao médico que adopte “a atitu<strong>de</strong> do céptico face à totalida<strong>de</strong> davida, essa [<strong>de</strong>ve ser] a atitu<strong>de</strong> do “empírico” no que toca à filosofia”. 40Agostinho (354-430) foi o primeiro autor da antiguida<strong>de</strong> 41 a apresentaruma semiótica – pois embora movido por um interesse eminentemente religioso,acaba, na sua vastíssima obra, por tocar num gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> camposdo saber humano, incluindo a Filosofia da Linguagem.As obras mais importantes para conhecer a semiótica agostiniana são DeMagistro e De Doctrina Christiana. O problema central do Mestre Interior,um diálogo entre Agostinho e o filho A<strong>de</strong>odato, é saber se as coisas se po<strong>de</strong>mensinar por meio <strong>de</strong> sinais. Estabelecido que “as palavras são apenas sinais,e que não po<strong>de</strong>m ser sinais as coisas que nada significam”, 42 embora nemtodos os sinais sejam palavras, e não haja “sinal que não signifique algumacoisa”, 43 consi<strong>de</strong>ra que o homem fala para ensinar e rememorar, porque sãoas palavras “que fazem vir ao espírito as próprias coisas <strong>de</strong> que são sinais”. 44Agostinho conclui então que para apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> nada servem os sinais porque sóse apren<strong>de</strong> o significado do sinal por meio da realida<strong>de</strong> por ele representada;mas uma realida<strong>de</strong> totalmente <strong>de</strong>sconhecida jamais po<strong>de</strong>ria ser ensinada poressa via. 45 Por conseguinte, “com palavras não apren<strong>de</strong>mos senão palavras,ou melhor, o som e o ruído das palavras (...) Conhecidas as coisas, alcança-39 . “... l’art médical a d’abord été inventé, découvert, par la raison unie à l’expérience”,i<strong>de</strong>m, p. 127.40 . I<strong>de</strong>m, p.121.41 . Na verda<strong>de</strong> Agostinho po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado já um medieval, o primeiro, mas nesteaspecto, como semiólogo, muito mais aparentado com os antigos que com o trabalho posteriordas escolas, razão <strong>de</strong> ter sido consi<strong>de</strong>rado “um antigo”: está na fronteira.42 . AGOSTINHO DE HIPONA, “De Magistro”, in Opúsculos Selectos <strong>de</strong> Filosofia Medieval,1984, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Braga, p. 51.43 . I<strong>de</strong>m, p.34.44 . I<strong>de</strong>m, p.33.45 . “Com efeito, quando me é dado um sinal, se ele me encontra ignorante da coisa <strong>de</strong> que ésinal, nada me po<strong>de</strong> ensinar; e se me encontra sabedor, que aprendo eu por meio do sinal? (...)E assim, mais se apren<strong>de</strong> o sinal por meio da realida<strong>de</strong> conhecida, do que a própria realida<strong>de</strong>por um sinal dado”, i<strong>de</strong>m, p. 66.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!