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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐150 Anabela Gradimpré-condição para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a discussão <strong>de</strong> pré-condições hipoteticamentepostas”. Pois o facto <strong>de</strong> que alguém se coloque fora do jogo<strong>de</strong> linguagem e fora da discussão – ainda que isso seja meaningless – nãoé <strong>de</strong> maneira alguma “irrelevante para a discussão”; pelo contrário, é esse oproblema fundamental a resolver no âmbito da questão ética. Assim sendo,a fundamentação racional da ética, à maneira apeleana, <strong>de</strong>ixa intacto o problemada incomensurabilida<strong>de</strong>. Na verda<strong>de</strong>, a forma <strong>de</strong> Apel colocar a questãoassemelha-se a uma tautologia: quem é racional é racional e não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> sê-lo. A fundamentação transcen<strong>de</strong>ntal da ética parece assim empreendimentocapaz <strong>de</strong> oferecer profunda satisfação intelectual, satisfação essa inversamenteproporcional à sua utilida<strong>de</strong> prática.Depois, temos ainda a encarar a pertinente questão do método, o neokantianismotransformado <strong>de</strong> Apel e a forma como este lida com o legadopeirceano.Apel refere amiú<strong>de</strong> que a inspiração peirceana do seu trabalho se reflecteessencialmente na forma como utiliza o conceito <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> scholars,retirado da epistemologia e da teoria do conhecimento <strong>de</strong> Peirce, e <strong>de</strong>calcandoa partir <strong>de</strong>le a noção <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação in<strong>de</strong>finida, no seio daqual o <strong>de</strong>bate ético e a fundamentação <strong>de</strong> normas concretas tem lugar. Proce<strong>de</strong>assim à extensão do conceito – <strong>de</strong> cientistas para todos quantos participam nadiscussão, e do objecto – do conhecimento científico-experimental à questãoética.Mas se estes são os termos em que Apel aceita colocar o <strong>de</strong>bate, o queé certo é que a influência e herança peirceanas vão muito mais fundo do queestas adaptações, afectando o próprio método e a estrutura arquitectónica dasua ética.Ao transformar o kantismo, fundamentando a teoria do conhecimento,Peirce, como aliás já vimos, vai substituir a <strong>de</strong>dução transcen<strong>de</strong>ntal das categoriase as condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da experiência pela valida<strong>de</strong> dos trêstipos <strong>de</strong> inferência. A pressuposição básica <strong>de</strong>sta transformação semiótica dalógica é que todo o conhecimento é inferencial, isto é, uma inferência hipotéticadas coisas do mundo exterior, resultando na sua representação. A pluralida<strong>de</strong>dos dados dos sentidos é assim reduzida, por inferência hipotética,à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma proposição sobre o facto externo, transformando-se numarepresentação do mundo. A inferência A ou B concreta po<strong>de</strong>m errar, mas ométodo abdutivo é válido, pelo que a longo prazo, no seio da comunida<strong>de</strong>,www.labcom.pt✐✐✐✐

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