13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 121estabelecimento <strong>de</strong> convenções, pois é aí que se joga a questão “eticamenterelevante”: saber se é possível “estabelecer e justificar uma norma ética básicaque torna um <strong>de</strong>ver para todos os indivíduos procurar por um acordovinculante com outras pessoas em todas as questões práticas, e a<strong>de</strong>rir subsequentementea tal acordo” 10 . Ora a existência <strong>de</strong> convenções não chegapara estabelecer este <strong>de</strong>ver individual <strong>de</strong> buscar um acordo com outrem. Aconvenção, diz Apel, tem <strong>de</strong> ser interpretada em termos do contratualismohobbesiano, como “manifestação <strong>de</strong> bom senso” por parte dos implicados, ecomo tal <strong>de</strong>sliza para a esfera da moralida<strong>de</strong> privada, aquela que não é objectivamentevinculante. Mas se a responsabilida<strong>de</strong> ética fica restringida à esferaprivada, então o recurso a convenções não pressupõe a “norma moral básica”intersubjectivamente válida que Apel busca e procura justificar.O paradoxo que Apel preten<strong>de</strong> resolver, <strong>de</strong>tectado também na filosofiaanalítica contemporânea, po<strong>de</strong> ser formulado da seguinte forma: o pensamentooci<strong>de</strong>ntal, e a escola analítica em particular, acolheram pressuposiçõesque tornaram a fundamentação da ética “virtualmente impossível”, nomeadamentea impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivar normas <strong>de</strong> factos, e julgamentos <strong>de</strong> valor<strong>de</strong> proposições <strong>de</strong>scritivas. As consequências que daí <strong>de</strong>correm são letais paraas pretensões <strong>de</strong> normativida<strong>de</strong> da ética. Como a ciência lida com factos (dosquais não se po<strong>de</strong>m, então, <strong>de</strong>rivar prescrições normativas), a fundamentaçãocientífica da ética é impossível.Finalmente, outra pressuposição a que o pensamento oci<strong>de</strong>ntal vem dandoguarida é a i<strong>de</strong>ntificação da objectivida<strong>de</strong>, tal como é fornecida pelo conhecimentocientífico, com a valida<strong>de</strong> intersubjectiva, razão pela qual “uma fundamentaçãointersubjectivamente válida <strong>de</strong> uma ética normativa é absolutamenteimpossível” 11 . Ou, pelo menos, assim aparenta. O esforço apeleanopara dissolver esta “impossibilida<strong>de</strong>” constitui o princípio da sua reconstruçãoda ética.10 . “For the ethically relevant question which is raised by reference to conventions is whetherit is possible to state and justify a basic ethical norm that makes it a duty for all individualsto strive for a binding agreement with other people in all practical questions and furthermoreto subsequently adhere to this agreement”, in APEL, Karl-Otto, Towards a Transformation ofPhilosophy, 1980, Routledge & Kegan Paul, London, pp. 238-239.11 . I<strong>de</strong>m, p. 241.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!