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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Ética e heteronomia 425Ora tratar os outros como fim significa, na opinião <strong>de</strong> MacIntyre, que po<strong>de</strong>mostentar influenciar o comportamento <strong>de</strong> outrem <strong>de</strong> dois modos, ou apelando aoseu sentimento, ou oferecendo-lhe argumentos racionais para agir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadaforma. Quando se proce<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste último modo o outro é tratado como umser racional, que merece exactamente a mesma consi<strong>de</strong>ração e respeito quenós próprios, pois “ao oferecermos-lhe razões, oferecemos uma consi<strong>de</strong>raçãoimpessoal que este po<strong>de</strong> avaliar”. 20 Já a persuasão não racional, que apelaao sentimento, intenta fazer do outro agente e instrumento da vonta<strong>de</strong> do persuasor,ignorando a sua dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser racional. Mas “Kant não oferecenenhuma boa razão para manter esta posição”, 21 diz MacIntyre, pois é perfeitamentepossível sustentar sem sombra <strong>de</strong> inconsistência o seguinte princípio:“Que todos, excepto eu, sejam tratados como meios”, que po<strong>de</strong> ser imoral,mas é certamente universalizável sem incorrer em inconsistência. 22Por isso a formulação do imperativo categórico nestes termos falha pois<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser critério distintivo para o que é especificamente moral. Assim,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, a tentativa <strong>de</strong> fundar a moralida<strong>de</strong> na razão humana falha, como falharáposteriormente a tentativa <strong>de</strong> Kierkegaard <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir a fundamentaçãodo ético num acto <strong>de</strong> escolha.Aliás é <strong>de</strong> notar que este racionalismo kantiano, surge, historicamente,como resposta ao sentimentalismo <strong>de</strong> Di<strong>de</strong>rot, e Hume; e as três posiçõesfundam-se negativamente sobre a percebida impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sustentar aposição oposta. Hume preten<strong>de</strong> fundar a moral nas paixões porque consi<strong>de</strong>raser impossível que ela radique na razão, Kant adopta o racionalismo pelamesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> razões – a consi<strong>de</strong>ração da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundar a moralnas paixões -, e por fim Kierkegaard remete-a para uma escolha infundadapela consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que tanto o racionalismo como o sentimentalismo estãovotados ao fracasso. 2320 . I<strong>de</strong>m, p. 46.21 . I<strong>de</strong>m, p. 46.22 . O resultado da universalização <strong>de</strong> tal máxima seria algo muito semelhante à união <strong>de</strong>egoístas proposta por Stirner. Cf. STIRNER, Max, The Ego and its Own, The Case of theIndividual Against Authority, Rebel Press, 1993, London. “It might be inconvenient for each ifeveryone lived by this maxim, but it would not be impossible and to invoke consi<strong>de</strong>rations ofcovenience would in any case be to introduce just that pru<strong>de</strong>ntial reference to happiness whichKant aspires to eliminate from all consi<strong>de</strong>rations of morality”, MACINTYRE, Alasdair, 1981,After Virtue – A Study in Moral Theory, General DuckWorth & Co., London, p 46.23 . “Just as Hume seeks to found morality on the passions because his arguments havewww.labcom.pt✐✐✐✐

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