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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐192 Anabela Gradimcompreensível, mas absolutamente cega”. 54 Ocorre Secundida<strong>de</strong> sempre que“tem lugar uma reacção cega entre dois sujeitos”.Peirce também chama a Secondness Actualida<strong>de</strong> pois, diz, a actualida<strong>de</strong><strong>de</strong> um evento está nas suas relações com o universo dos existentes. Actualida<strong>de</strong>é o acontecimento aqui e agora, a sua irrupção na superfície do tempo,algo “bruto” que nenhuma razão ou racionalida<strong>de</strong> inspira. 55 Dois exemplos,recorrentes nos escritos, servem para ilustrar Secondness. Imaginemos umtribunal que <strong>de</strong>creta uma sentença ou um mandato contra um cidadão (umalei). Estes não serão mais que “ocioso vapor” até que um xerife <strong>de</strong>cida cumprirou executar o mandato. “Quando sinto a mão do xerife no meu ombro,começarei a ter um sentido <strong>de</strong> actualida<strong>de</strong>”. 56 Isso é Secondness – uma acção,ou reacção, mesmo que seja a execução <strong>de</strong> uma lei. É que a lei como forçaactiva – po<strong>de</strong>r executivo – é um Segundo; mas enquanto or<strong>de</strong>m, legislação econtinuida<strong>de</strong>, se encarada <strong>de</strong>ssa perspectiva, é já um terceiro. 57Outro dos seus exemplos favoritos <strong>de</strong> Secondness é o do ombro que força eempurra uma porta. Depara-se-lhe durante essa acção uma “unseen, silent andunknown resistance”. 58 Essa consciência ou sensação <strong>de</strong> resistência é dupla:por um lado do esforço, por outro da força que se lhe opõe, que representaperfeitamente a actualida<strong>de</strong> bruta <strong>de</strong> Secondness. “On<strong>de</strong> não há esforço nãohá resistência, e on<strong>de</strong> não há resistência não há esforço, neste ou em qualquermundo possível”. 59Secundida<strong>de</strong> é também chamada “luta”, 60 e por ela Peirce enten<strong>de</strong> “a acçãomútua entre duas coisas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> terceiroou meio, e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer lei <strong>de</strong> acção”. 61 Nesta sensação<strong>de</strong> esforço e resistência, nas experiências que se impõem ao homem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementeda sua vonta<strong>de</strong>, nos elementos que lhe resistem, radica tambéma própria consciência do eu, <strong>de</strong> ego e não-ego, pois a existência do mundoexterior é concebida a partir das reacções dos elementos que o compõem uns54 . I<strong>de</strong>m.55 . Collected Papers, 1.24.56 . I<strong>de</strong>m.57 . Collected Papers, 1.33758 . I<strong>de</strong>m.59 . Collected Papers, 1.320.60 . “Struggle”, no original. Collected Papers, 1.322.61 . I<strong>de</strong>m.www.labcom.pt✐✐✐✐

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