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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐454 Anabela Gradimválido para todos os homens, não há eficiência, não há responsabilida<strong>de</strong>, eo homem é <strong>de</strong>ixado indiscutivelmente perdido num solipsismo que <strong>de</strong>bal<strong>de</strong>tenta vencer.Re-teleologizar o mundo, como Peirce faz – e recor<strong>de</strong>mos, novamente,que este é um falibilista – não fornece o fundamentum inconcussum que algunséticos em vão procuraram, mas permite, por exemplo, explanar umaconcepção <strong>de</strong> natureza humana. Se havia coisa clara no paradigma éticoaristotélico-medieval é a sua concepção <strong>de</strong> natureza humana: maculado pelopecado original redimido na figura <strong>de</strong> Cristo, o homem é um ser dotado <strong>de</strong>livre arbítrio que po<strong>de</strong>, consequentemente, escolher entre o pecado e a salvação.Hoje, como nessa altura, talvez valha a pena formular explicitamentea concepção que se perfilha <strong>de</strong> natureza humana antes <strong>de</strong> iniciado o esforço<strong>de</strong> constituir uma Ética. Não faz <strong>de</strong> facto sentido uma ciência que preten<strong>de</strong>vincular o homem não apresentar, claramente, a concepção que tem <strong>de</strong>le. Sepresentemente já não mais é possível conceber o homem em termos bíblicos,em função <strong>de</strong> uma teologia ou através <strong>de</strong> noções vagas e abstractas como criaturauniversalmente dotada <strong>de</strong> razão, acredito que continua a ser necessáriorespon<strong>de</strong>r à pergunta fundamental – que é o homem? – a que se seguirá entãoa questão – que po<strong>de</strong>/<strong>de</strong>ve este homem fazer?Parece-me que a partir da re-teleologização proposta por Peirce o empreendimento<strong>de</strong> fundar uma Ética das Virtu<strong>de</strong>s – o que ele não faz, nem eu farei– se po<strong>de</strong> perspectivar como exequível, <strong>de</strong> uma forma que nem exclui nenhumparticipante nesta aventura colectiva, nem implicita a incomunicabilida<strong>de</strong> entretradições rivais, nem, por fim, silencia a muito humana esperança <strong>de</strong> quenum tempo suficientemente longo o diálogo e o consenso possam ocorrer. Orasó a partir <strong>de</strong>ste ponto é possível, por maiores que sejam as dificulda<strong>de</strong>s concretasactuais – e gran<strong>de</strong>s são elas - trabalhar em conjunto na construção dofuturo comum.Através do sentimentalismo peirceano e do seu optimismo teleológico asvirtu<strong>de</strong>s individuais e colectivas po<strong>de</strong>riam ser maximizadas. Peirce <strong>de</strong>finiu,para o Century Dictionary, virtu<strong>de</strong> ética como a subordinação do apetite àrazão, e verda<strong>de</strong> ética como o acordo entre aquilo que se diz e aquilo emque se acredita. 14 Sabemos que a sua concepção <strong>de</strong> razão é muito mais geral14 . PEIRCE, <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs, Writings of <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs Peirce: A Chronological Edition,vol. V, ed. FISCH, Max, et al., Bloomington, Indiana University Press, p. 420.www.labcom.pt✐✐✐✐

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