13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

✐✐✐✐432 Anabela GradimA que propósito as personagens da Ilíada observam as regras que observame honram os preceitos que honram? O que se passa é que apenas nointerior da sua moldura <strong>de</strong> regras e preceitos são capazes <strong>de</strong> enquadrar qualquerpropósito. Todas as questões <strong>de</strong> escolha se colocam no interior <strong>de</strong>stamoldura; a moldura ela própria não po<strong>de</strong> ser escolhida. Há então um agudocontraste entre o eu emotivista da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e o eu da ida<strong>de</strong> heróica. Aoeu da ida<strong>de</strong> heróica falta precisamente aquela característica que já vimos algunsfilósofos morais mo<strong>de</strong>rnos tomam por ser a característica essencial doeu humano, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sligar <strong>de</strong> qualquer ponto <strong>de</strong> vista particular,dar um passo atrás e ver e julgar o próprio ponto <strong>de</strong> vista a partir do exterior.Na socieda<strong>de</strong> heróica não há nenhum lá fora excepto o do estrangeiro. Umhomem que tentasse retirar-se a ele próprio <strong>de</strong>sta posição dada na socieda<strong>de</strong>heróica estaria a comprometer-se na aventura <strong>de</strong> tentar fazer-se <strong>de</strong>saparecer aele próprio. 32Destas socieda<strong>de</strong>s heróicas MacIntyre diz termos duas lições fundamentaisa apren<strong>de</strong>r: Primeiro, que toda a moralida<strong>de</strong> está, em alguma medida, ligadaao social local e particular, e que as aspirações da moral da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>à universalida<strong>de</strong> liberta <strong>de</strong> toda a particularida<strong>de</strong> são uma ilusão; e segundo,que não há nenhuma maneira <strong>de</strong> possuir as virtu<strong>de</strong>s a não ser como parte <strong>de</strong>uma tradição na qual as herdamos, juntamente com a sua compreensão, <strong>de</strong>uma série <strong>de</strong> pre<strong>de</strong>cessores na qual séries <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s heróicas assumem oprimeiro lugar. 33A unida<strong>de</strong> da noção <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> no facto <strong>de</strong> esta constituir aquilo quepossibilita a um homem <strong>de</strong>sempenhar o seu papel. A gran<strong>de</strong> diferença entrea socieda<strong>de</strong> homérica e a polis aristotélica é a alteração do contexto social.Doravante as relações sociais <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se basear nas relações <strong>de</strong> parentescopara se inserirem no contexto mais vasto da cida<strong>de</strong>-estado. E contudo, a diferençaentre a visão homérica e a visão clássica das virtu<strong>de</strong>s não po<strong>de</strong> serexplicada somente por este factor, em parte porque as relações <strong>de</strong> parentescosobrevivem quase inalteradas na polis, mas também porque já não são os valoreshoméricos que <strong>de</strong>finem o horizonte moral e porque a concepção <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>se <strong>de</strong>sligou <strong>de</strong> qualquer papel social particular. Em geral o ateniense vê a vir-32 . I<strong>de</strong>m, p. 126.33 . I<strong>de</strong>m, p. 129www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!