13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐310 Anabela Gradimque as palavras po<strong>de</strong>m formular consistirá na <strong>de</strong>scrição do hábito que se calculaesse conceito irá produzir”, 127 pois um hábito só se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver pela<strong>de</strong>scrição do tipo <strong>de</strong> acção a que dá origem.O hábito, já o vimos, não é necessariamente mental ou do domínio daconsciência: a natureza toma hábitos e as leis que a regem são também elashábitos rígidos. O pragmatismo – a máxima <strong>de</strong> clarificar conceitos – é uminquérito <strong>de</strong> natureza semiótica; como o é o trabalho das ciências que inquiresobre o vasto símbolo que é o universo e as leis que nele habitam.Daqui se nota, também, que é muito estreita a ligação da semiótica peirceanaà lógica da ciência tal como foi explicitada nos trabalhos <strong>de</strong> epistemologia.“A teoria dos signos ocupa-se em primeiro lugar com os tipos <strong>de</strong> asserçõesproduzidas por uma inteligência científica, alguém capaz <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a partirda experiência. A inquirição <strong>de</strong>ve ser vista como um processo triádico <strong>de</strong> interpretaçãosígnica, guiado pelo objectivo <strong>de</strong> vir a conhecer as característicasreais dos objectos dos nossos signos”, resume Hookway. 128Toda a inferência é um processo <strong>de</strong> interpretação sígnica, e toda a lei danatureza uma manifestação <strong>de</strong> terceirida<strong>de</strong>. O que o sujeito colectivo que acomunida<strong>de</strong> dos que investigam realiza é um contínuo processo triádico <strong>de</strong>inferência no qual procuram apropriar os objectos do mundo e as leis que osregem, através <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> operações que são intrinsecamente semióticas.Mais, tal como o processo <strong>de</strong> interpretação sígnica não conhece propriamenteum fim (semiose ilimitada) em virtu<strong>de</strong> do diferimento in<strong>de</strong>finido dosignificado; também o endless pursuit of truth da comunida<strong>de</strong>, que é o espelhofiel <strong>de</strong>sse processo sígnico, não conhece ele próprio um fim, na medidaem que a verda<strong>de</strong> é um princípio regulador que também será in<strong>de</strong>finidamentediferido.Tal aliás suce<strong>de</strong> não por incompetência <strong>de</strong>sse sujeito colectivo, nem poralguma recôndita incognoscibilida<strong>de</strong> do mundo, mas porque o universo estáem <strong>de</strong>vir, <strong>de</strong> forma que o processo pelo qual o homem procura apropriar-se<strong>de</strong>le tem também <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r a esse <strong>de</strong>vir. Trata-se pois <strong>de</strong> algo queradica na natureza e especificida<strong>de</strong> da constituição do mundo: que o processo<strong>de</strong> inquirição científica, um processo semiótico, seja ele próprio ilimitado.127 . I<strong>de</strong>m.128 . HOOKWAY, Christopher, Peirce, col. The Arguments of the Philosophers, 1992, Routledge,London, p. 141.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!