13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

✐✐✐✐380 Anabela Gradimperiências entre sujeitos, a qual <strong>de</strong>manda o universo discursivo comum dasexperiências colaterais previamente adquiridas. 18Toda a comunicação tem por palco o universo discursivo comum a queos interlocutores ace<strong>de</strong>m, e que garante a inteligibilida<strong>de</strong> do discurso. Esseuniverso não está contido no próprio signo, no seu significado, nem no domíniodas regras <strong>de</strong> funcionamento da linguagem utilizada; é constituído por“experiências colaterais” que fixam o valor do signo e são essencialmente <strong>de</strong>índole pragmática. Toda a negociação do sentido se inicia assim num pontomuito anterior àquele em que qualquer discurso é articulado, e que é o pontoem que a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fine intersubjectivamente a moldura semântica dossignos empregues.No pólo oposto, toda a comunicação é “comunicacional”, passe o pleonasmo,<strong>de</strong>vido à sua in<strong>de</strong>terminação intrínseca. “Toda a locução <strong>de</strong>ixa naturalmenteo direito a ulterior exposição por parte do locutor; e consequentemente,enquanto um signo é in<strong>de</strong>terminado, é também vago”. 19 Não há comunicaçãointeiramente precisa, e por isso o sentido <strong>de</strong> qualquer mensagem po<strong>de</strong> ser continuamenteperfectibilizado, num processo que será constituído por ulteriorese adicionais trocas comunicativas. 20Além disso a comunicação não é vaga por algum <strong>de</strong>feito exógeno que lheadvenha aci<strong>de</strong>ntalmente – é-o intrinsecamente <strong>de</strong>vido à natureza da sua pró-18 . Johansen <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, sem a extensa analítica que mais tar<strong>de</strong> caracterizará as investigações<strong>de</strong> Austin e Searle, Peirce prefigura <strong>de</strong> certa forma toda a Pragmática por eles encetada,nomeadamente a atribuição <strong>de</strong> força ilocucional a qualquer parcela <strong>de</strong> discurso, e nesse sentido,toda a locução, mesmo a mais puramente constatativa, é sempre uma acção; cf. JOHANSEN,Jorgen Dines, Dialogic Semiosis — An Essay on Signs and Meaning, 1993, Indiana UniversityPress, Bloomington, p. 189 e ss. Concordando com esta opinião, não resisto a transcrever aquio <strong>de</strong>licioso trecho on<strong>de</strong>, a propósito <strong>de</strong> jornalistas e políticos, Peirce mostra como os aspectospragmáticos do discurso se sobrepõem muitas vezes ao seu conteúdo semântico, <strong>de</strong>terminandoo:“We can repeat the sense of a conversation, but we are often quite mistaken as to what wordswere uttered. Some politicians think it a clever thing to convey an i<strong>de</strong>a which they carefullyabstain from stating in words. The result is that a reporter is ready to swear quite sincerely thata politician said something to him which the politician was most careful not to say”, CollectedPapers, 5.185.19 . Collected Papers, 5.447.20 . “It turns out, therefore, that in every communication situation absolute <strong>de</strong>terminatenessand precision are not and cannot be attained”, POTTER, Vincent, Peirce’s Philosophical Perspectives,ed. COLAPIETRO, Vincent, American Philosophy Series, 1996, Fordham UniversityPress, New York, p. 163.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!