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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Ética e heteronomia 453muito remotos. No seio <strong>de</strong>stes grupos os indivíduos encontravam-se envolvidosem práticas que retiravam o seu sentido e simultaneamente davam sentidoà tradição envolvente. Perseguiam, além disso, bens internos às práticas, aaretê , e tinham uma concepção muito clara <strong>de</strong> qual o papel que <strong>de</strong>sempenhavamnessa comunida<strong>de</strong>, e do telos que dava sentido ao grupo e às suasvidas.Parece assim que nos encontramos perante comunida<strong>de</strong>s exemplares, quepo<strong>de</strong>riam perfeitamente estar a intentar um tipo <strong>de</strong> revivalismo da noção <strong>de</strong>virtu<strong>de</strong> aristotélica idêntico ao que MacIntyre <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. E, no entanto, há algo<strong>de</strong> errado aqui. É que a falta <strong>de</strong> alguns bens mínimos partilhados, e <strong>de</strong> umhorizonte teleológico mais vasto que o especificamente local, teve as consequências<strong>de</strong>sastrosas que se conhecem. A assunção <strong>de</strong> um telos universal,ainda que apenas como i<strong>de</strong>al ou princípio regulador, do género do que avaliacomo boa toda a acção que ten<strong>de</strong> a tornar o mundo mais razoável, permitepelo menos perspectivar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um relacionamento eficaz e pacíficoentre comunida<strong>de</strong>s, se não actual, pelo menos alcançável dado um prazosuficientemente longo, evitando que estas constituam paradigmas fechados,jogos <strong>de</strong> linguagem incomensuráveis permanentemente à beira do abismo. Ese tal princípio jamais evitará o atrito ou a acção que atente contra a razoabilida<strong>de</strong>concreta, torna-a pelo menos inteligível e possibilita a produção <strong>de</strong> umdiscurso valorativo sobre ela, como, inversamente, oferece os instrumentosatravés dos quais as práticas opostas po<strong>de</strong>rão ser legitimadas.Pouco claro, também, é o que <strong>de</strong>termina o telos <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>.Existe a priori ou a posteriori? Como escolher entre télê rivais? Qual atradição que <strong>de</strong>verá prevalecer numa comunida<strong>de</strong> no caso <strong>de</strong>sta se encontrarenvolvida num conjunto diversificado <strong>de</strong> práticas?Parece-me extremamente difícil fundamentar unívoca e apodicticamenteuma <strong>de</strong>terminada tradição e as virtu<strong>de</strong>s daí emergentes sem recorrer a umacompreensão global – ainda que “metafísica” – do todo que nos ro<strong>de</strong>ia, e portantoo que encontraremos sempre num esquema do tipo do <strong>de</strong> MacIntyre sãohomens envolvidos em práticas contingentes que não conseguem harmonizarcom as <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s exteriores, e a quem faltam os meios para escapar àprisão intelectual que a sua própria tradição constitui.Há um curtíssimo atalho para chegar a uma das conclusões mais fundamentais<strong>de</strong> After Virtue – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se eliminou a figura da universalida<strong>de</strong>,que era Deus na ida<strong>de</strong> Média, e hoje po<strong>de</strong>ria ser consubstanciada num teloswww.labcom.pt✐✐✐✐

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