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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Ética e heteronomia 433tu<strong>de</strong> como estreitamente ligada ao contexto geral da cida<strong>de</strong>-estado. Ser umhomem bom é ser um bom cidadão.Platão rejeita <strong>de</strong>cididamente o relativismo que os sofistas encontrarão nasvirtu<strong>de</strong>s, pois toma-as como coerentes e absolutas - bens rivais nunca po<strong>de</strong>rãoentrar em conflito entre si - e contudo é este assunto que fornecerá gran<strong>de</strong>parte dos temas da tragédia grega. Para Platão as virtu<strong>de</strong>s são não apenascompatíveis entre si, mas a presença <strong>de</strong> cada uma exige a presença das <strong>de</strong>mais.Esta tese àcerca da unida<strong>de</strong> das virtu<strong>de</strong>s é reiterada quer por Aristóteles querpor São Tomás, que acreditam na existência <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m cósmica que ditao lugar <strong>de</strong> cada virtu<strong>de</strong> no esquema harmonioso da vida humana.Esta concepção acaba por contrastar vivamente com a crença mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>que os bens humanos são variados e heterogéneos e que a sua busca não po<strong>de</strong>ser conciliada com uma única or<strong>de</strong>m moral. Trata-se <strong>de</strong> uma visão que implicaque a escolha entre diferentes argumentos a respeito das virtu<strong>de</strong>s e bens nãopo<strong>de</strong> ser tomada como verda<strong>de</strong>ira ou falsa.Aristóteles estabelece a concepção clássica das virtu<strong>de</strong>s, e fá-lo acreditandoestar a exprimir as concepções comuns a qualquer ateniense educado,apresentando-se assim como a voz racional do cidadão, que articula o que estavadisperso. O ser humano possui uma natureza específica que o dota comcertos fins e objectivos, e portanto move-se naturalmente em direcção a umtelos. Qual é então, do ponto <strong>de</strong> vista aristotélico, o bem para o homem? MacIntyrerespon<strong>de</strong> que Aristóteles tem fortes argumentos contra i<strong>de</strong>ntificar obem com dinheiro, honra ou prazer. Dá-lhe o nome <strong>de</strong> eudaimonia: bênçãos,felicida<strong>de</strong>, prosperida<strong>de</strong>. É o estado <strong>de</strong> estar bem e fazer bem estando bem.As virtu<strong>de</strong>s são precisamente aquelas qualida<strong>de</strong>s cuja posse permitirá aum indivíduo alcançar a eudaimonia, e a falta das quais frustrará o seu movimentoem direcção a esse telos. O agente genuinamente virtuoso, contudo,age num julgamento racional e verda<strong>de</strong>iro. Uma teoria aristotélica das virtu<strong>de</strong>s,como aquela <strong>de</strong> que MacIntyre <strong>de</strong>seja esboçar os contornos, terá <strong>de</strong>pressupor uma distinção crucial entre o que um indivíduo toma por ser o bempara si, e o que é realmente bom para ele enquanto homem. É para atingir esteúltimo bem que praticamos as virtu<strong>de</strong>s e fazemo-lo através <strong>de</strong> escolhas querequerem julgamento. O exercício das virtu<strong>de</strong>s implica portanto a capacida<strong>de</strong>www.labcom.pt✐✐✐✐

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