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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 249cumprir-se ou não, validando ou infirmando os resultados científicos. Ou,como dirá Peirce, “se a previsão tem uma tendência para se cumprir, entãoé porque os eventos futuros têm tendência para se conformarem a uma regrageral (...) Uma regra à qual os eventos futuros têm tendência a conformar-se éipso facto uma coisa importante, um elemento importante no acontecer <strong>de</strong>sseseventos. A este modo <strong>de</strong> ser que consiste no facto <strong>de</strong> que futuros factos <strong>de</strong>Secundida<strong>de</strong> tomarão um <strong>de</strong>terminado carácter geral eu chamo uma terceirida<strong>de</strong>”.51Este tema – a terceirida<strong>de</strong> ligada à previsão científica – é colocado <strong>de</strong>forma muito feliz nas Lectures on Pragmatism. Aí, Peirce pe<strong>de</strong> ao seu auditóriopara realizar uma simples e pequena experiência: 52 segurar nas mãosuma pedra, em local on<strong>de</strong> não haja obstáculo entre ela e o chão, e “prevercom confiança que assim que abra a minha mão a pedra cairá no chão”. Experiênciatonta, dirá o leitor e o auditório, mas ela confirma uma lei: que naausência <strong>de</strong> outra força os corpos caem ou são atraídos pela terra; e pese emboraessa lei ser do domínio da representação – não é um objecto palpável quese possa manipular como a pedra – não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser real. Tão real, diz Peirce,que consegue governar eventos no futuro, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do que pensemos<strong>de</strong>les ou <strong>de</strong>la; e, na verda<strong>de</strong>, tão real que ninguém em seu perfeito juízoduvida daquela previsão projectada no futuro: que a pedra cairá, como efectivamentecaiu, assim que Peirce a largou. Esse facto prova que a lei, sendoembora da natureza do pensamento, isto é, um signo, e não res extra animam,correspon<strong>de</strong> a uma realida<strong>de</strong>. 53 Já o facto <strong>de</strong> que ninguém duvida <strong>de</strong> que elacairá <strong>de</strong>monstra à sacieda<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> o nominalismo ser uma profissão <strong>de</strong> féinabalável, mas no mundo da vida essa posição é dificilmente sustentável.O nominalismo, ao fazer dos universais meras criações da mente sem correspondênciano mundo, se consistentemente prosseguido, <strong>de</strong>strói a ciência emesmo a sua possibilida<strong>de</strong>, porque se se dá o caso <strong>de</strong> as coisas se comportarem<strong>de</strong> certa forma que até foi prevista – o Sol, por exemplo, levanta-se todosos dias – não há nenhuma razão para que tal suceda, e podia perfeitamentenão ser assim. É o universo da pura contingência. Este é, <strong>de</strong> resto, e ninguém51 . I<strong>de</strong>m.52 . Collected Papers, 5.93 e ss.53 . “On the other hand, the fact that I know that the stone will fall to the floor when I letgo, as you all must confess (...) is the proof that the formula or uniformity, as furnishing a safebasis for prediction is, or corresponds, to a reality”, Collected Papers, 5.96www.labcom.pt✐✐✐✐

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