13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐214 Anabela Gradimda inferência – e por essa via, pela da reformulação da epistemologia kantianaempreendida por Peirce – para terminar no tema do falibilismo, que é necessárioconjugar com o novo método <strong>de</strong> validação do raciocínio. Pelo meioas categorias revelam-se nos tipos <strong>de</strong> inferência a que o homem tem acesso,mo<strong>de</strong>lando toda a teoria do conhecimento, que, claro está, será triádica.O texto seminal para a compreensão da nova lógica da ciência propostapor Peirce é The fixation of belief, publicado em 1877 no Popular ScienceMonthly, como o primeiro <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> seis ensaios intitulados Illustrationsof the Logic of Science. Po<strong>de</strong>ríamos estabelecer um equivalente contemporâneoà visão que Peirce tem <strong>de</strong> progresso científico nas observações <strong>de</strong>Thomas Kuhn 3 sobre a estrutura das revoluções científicas, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam,na sucessão e substituição <strong>de</strong> teorias, além <strong>de</strong> factores endógenos específicos<strong>de</strong> um dado paradigma, a importância da influência <strong>de</strong> condições sociológicas,das quais os cientistas nem sequer se dão conta. Ao encarar a ciência comoempreendimento colectivo Peirce, e foi o primeiro a fazê-lo, também dará o<strong>de</strong>vido relevo aos factores culturais presentes na sua evolução, bem como noprocesso <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> uma mundividência científica a outra. 4Em The fixation of belief Peirce começa por caracterizar a dúvida, que seexprime linguisticamente pelo modo interrogativo, como um <strong>de</strong>sconfortávelestado <strong>de</strong> insatisfação <strong>de</strong> que o homem se <strong>de</strong>seja libertar para passar ao estado<strong>de</strong> crença; 5 ao passo que este é uma condição calma e satisfatória, <strong>de</strong> que ohomem não se quer ver livre. As crenças guiam as activida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos dohomem, estabelecendo na sua natureza hábitos que <strong>de</strong>terminam o que serãoas suas acções. 6Peirce dirá que a actuação do homem, em período normal, se pauta pelacrença, e que quando factos novos contribuem para <strong>de</strong>sestabilizar essa crença,surge no homem a dúvida, um estado quasi-doloroso <strong>de</strong> que este luta por selibertar tentando, por sobre a antiga, estabelecer uma nova crença. A crençacan be and ever is carried out in act, an experience of a given <strong>de</strong>scription will result, or else hewill see no sense at all in what you say”, in Collected Papers, 5.411.3 . KUHN, Thomas S., 1990, A estrutura das revoluções científicas, col. Debates, EditoraPerspectiva, São Paulo.4 . A crença é afinal um conjunto <strong>de</strong> hábitos, também culturais, que serão <strong>de</strong>sestabilizadospor dúvidas, e factos novos, levando à substituição do micro-paradigma que essa crençaconstitui, por outro mais bem adaptado às circunstâncias presentes.5 . Collected Papers, 5.372.6 . Collected Papers, 5.371.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!